terça-feira, 4 de março de 2014

Tenha uma arma e viva em paz! (parte 1)

Em 13 de fevereiro vi a chamada de um canal de notícias sobre um programa que discutiria se a sociedade brasileira era realmente violenta ou se isso era apenas uma impressão causada pelo “impacto de algumas notícias horrorosas” veiculadas pela imprensa, como afirmou o próprio jornalista. Curioso e na expectativa da discussão, aguardei a transmissão do programa, que ocorreu às 23h do dia seguinte.

Confesso que esperava um policial (estudioso ou atuante), um jornalista e um promotor, talvez. Porém, os convidados eram um professor de Direito, um cientista político e um historiador. Mesmo considerando a qualificação e inteligência dos participantes, minha frustração não pode ser contida, porquanto o debate teria argumentos e explicações distantes daqueles esperados pelas pessoas que correm riscos de serem vítimas do crime e da violência diariamente. Além disso, poderia não haver boas e merecidas críticas às “políticas de segurança pública” do Estado Brasileiro. Sem apontar os erros, os participantes não provocariam o estado a fazer o que é certo, compelindo-o a sair da sua omissão, incompetência e amadorismo característicos.

Os argumentos sobre a violência no Brasil incluíram desde a abolição da escravidão, a violência política, até o que se chamou de revolução tocqueviliana (quando a melhoria dos padrões de justiça, igualdade e direitos sociais colide com a violação destes mesmos padrões). Desse modo, o programa estabeleceu raízes históricas, antropológicas e sociológicas para a violência no país.

Dias depois, um governador falou sobre uma tal "sensação subjetiva de segurança". Cercado por policiais de alta patente, o governador anunciou a recondução de centenas de policiais da atividade administrativa para a atividade operacional. Considerando que a segurança é um sentimento pessoal, o termo utilizado pelo governador foi bem apropriado. Contudo, a expressão sugere outra coisa. Quer dizer, sensação subjetiva de segurança é quando você acha que está protegido, mas está, na verdade, correndo sérios riscos.

Entretanto, tenho uma resposta mais simples para a questão da violência: a causa do crime e da violência não é a exclusão social ou a pobreza. Não é a falta de escolaridade ou de educação familiar. Muito menos um fator histórico. É, sobretudo, o interesse próprio. É a “sementinha do mal”, como diria o Capitão Nascimento, personagem do filme Tropa de Elite.

Confesso que se os entrevistados relacionassem os problemas que evidenciam a escalada da violência, nada seria dito que todos os policiais já não saibam. O pior é que até o Estado Brasileiro tem plena ciência desses problemas, mas sua saída estratégica é sempre deixar a questão na mão da polícia. Por sua vez, as organizações policiais deixam nas mãos dos policiais. Não é à toa, que na próxima encarnação escolherei uma polícia e um país sérios.

É possível que você também esteja curioso para saber por que razão o país está tão violento. Então, menciono cinco motivos:

Primeiro: existem criminosos demais. São 548.003 internos, segundo dados de dezembro de 2012, do Ministério da Justiça. São 548.003 “sementinhas do mal”, cuja readaptação ou recuperação é impossível. Apesar de não se conhecer a taxa de reincidência criminal do Brasil, estima-se que esse índice seja de 70%. O restante pode representar criminosos que não foram presos novamente ou que morreram em confrontos com a polícia ou com outros inimigos. Além disso, o encarceramento não representa a incapacidade de os internos continuarem delinquindo.

Além disso, parece haver certa benevolência para com o criminoso, o que ele é, e o que ele faz. Acredita-se que são seres humanos clamando por socorro e oportunidade quando, na verdade, são indivíduos que devem ser separados e encarcerados pelo maior tempo possível. Um longo tempo na prisão representa fôlego e esperança de vida para cada cidadão honesto. Com a frouxidão estatal, criminosos se sentem à vontade para impor o pânico e a destruição.

Se isso não bastasse, “A taxa de elucidação dos inquéritos de homicídios no Brasil varia apenas de 5% a 8%”, é o que disse o Advogado e Professor Luiz Flávio Gomes, num artigo publicado na revista eletrônica Consultor Jurídico, em 30/08/2012. Se no caso mais grave, o homicídio, o percentual é tão baixo, o que dizer do percentual de elucidação dos demais crimes, tais como os furtos e os roubos.

Sobre isso, o Sindicato dos Policiais Federais de Minas Gerais informou queO último cômputo divulgado pelo Conselho Nacional do Ministério Público, no estudo “MP – Um retrato”, atualizado até abril de 2013, mostrou que dos 5,3 milhões de casos criminais enviados pela polícia ao MP, nos estados e no Distrito Federal, 648 mil (12%) foram arquivados e apenas 589 mil (11%) resultaram em oferecimento de denúncia. As investigações ainda sem solução, incluindo todos os tipos de crimes, chegam a 4,1 milhões (77%).”

Com uma taxa de desempenho tão ruim, é possível inferir que existam centenas de milhares ou milhões de criminosos à solta. Este é o segundo motivo.

Terceiro: todos os bandidos usam armas, normalmente armas de fogo. Como possuem baixa tolerância ao fracasso, seu sucesso se baseia na surpresa, violência e supremacia do ataque. A única coisa que faz do criminoso um indivíduo a ser temido é a presença da arma de fogo. Sem ela, todo criminoso acuado se transforma num covarde típico e ator talentoso. Basta observar o comportamento dos bandidos que são pegos pela população, como mostram alguns vídeos publicados na Internet. Invariavelmente, eles se jogam no chão e não reagem, fingindo estarem machucados, inconscientes ou mortos. Alguns ainda gemem, imploram por ajuda ou pedem clemência. Eles pedem tudo aquilo que sempre negam às vítimas. O objetivo de tanta desfaçatez é enganá-lo a ponto de fazer com que você acredite que ali está um excluído social, fruto de uma luta de classes injusta.

Quarto: infelizmente, na luta pela sobrevivência, a polícia dá o pior conselho possível: nunca reaja! Sem opção, doutrinada por tanto tempo, por medo e por não saber o que fazer, a população cede ao abuso criminoso. Quando decide fazer algo para se salvar, o medo e a ignorância induzem a vítima a brigar com criminoso, quando deveria LUTAR PELA POSSE DA ARMA.

Quinto: você se lembra da expressão "sensação subjetiva de segurança"? Pois bem, eu disse que isso era um sentimento pessoal. E tal sensação de segurança ou insegurança aumenta ou diminui conforme a confiança no estado, no trabalho da polícia, no compromisso do policial e na própria capacidade para resistir a um ataque criminoso. Certamente, você já sabe que não se deve confiar no estado; que o trabalho da polícia está sujeito às circunstâncias políticas; e que o policial está cansado de "enxugar gelo". Você também já compreende que a primeira providência dos governos socialistas/comunistas/bolivarianos/totalitários é negar seu direito de autodefesa por meio de políticas de desarmamento que, paradoxalmente, mantém criminosos armados e livres (em que pese o empenho de cada policial verdadeiro que tenta vencer a desmotivação e a incompreensão social). Assim, o país está violento porque você não pode ter uma arma para se defender.

E enquanto a sensação de segurança é apenas um sentimento falso, A DEFESA É UMA AÇÃO MUITO MAIS EFICAZ CONTRA O CRIME E A VIOLÊNCIA. Portanto, resista ao estatuto do desarmamento; tenha uma arma, treine com ela e viva em paz!

22 comentários:

  1. Parabéns ao excelente texto do colega Policial Federal Humberto Wendling, tanto é verdade que na Suiça todos tem um fuzil em casa e os crimes com armas de fogos quase não existem. É muito fácil entender vc vai discutir com seu vizinho sabendo que o mesmo possui um fuzil debaixo da cama ??????? Além da educação é claro!

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  2. Excelente artigo Humberto. O Estatuto do Desarmamento é um equívoco que prejudica o cidadão honesto.

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  3. Sou civil e adorei o texto. Deu vontade de comprar o livro, depois de assistir o vídeo no youtube. Estou seguindo a página e sempre acompanharei suas postagens.

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  4. Quem dera esta opinião fosse compartilhada por todos os delegados responsáveis por negarem injustamente o direito de posse de arma de fogo, tão corriqueiro nos dias de hoje. Parabéns ao agente.

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  5. Muito feliz seu comentário, concordo plenamente!!! Isso que esse governo Tirano, Traidor, faz alem de não me permitir que eu me defenda, tira a minha liberdade de não poder me defender!!!

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  6. Muito bom o texto. Mas para o civil ter uma arma em casa é fundamental que ele saiba usá-la com eficácia, senão cai no mesmo dilema de o cara fraudar a carteira de habilitação para sair de carro ou caminhão e matar alguém por imperícia e por não possuir o perfil psicológico adequado para usar uma arma e se safar em situações de risco. Treinar tiro apenas não adianta, o cidadão deveria possuir uma habilitação em tiro prático.

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  7. Estou contigo! Estou doutrinando minha família, já muito "adoentada" por causa dos ensinamentos errados da tv e do politicamente correto.

    Aqueles que forjarem suas espadas em arados, sofrerão nas mãos dos que não o fizeram.

    abraço

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  8. Excelente texto, Humberto. Tudo o que você relatou nesse texto condiz com a realidade de nosso país. O povo brasileiro está sendo acovardado pelo governo vigente, que é Esquerdista/Comunista, com isso, as pessoas não mais sabem o que fazer diante de uma ameaça. Além disso, estão sendo desarmadas, são induzidas a terem medo das armas de fogo e também a não reagirem em situação de perigo. Nesse contexto, os cidadãos estão sendo mortos mesmo sem reação nenhuma, pois os bandidos, tendo a certeza da incapacidade de suas vítimas, agem com tranquilidade e violência ainda maiores.

    Já comprei seu livro, estou ansioso para lê-lo.
    Um abraço.

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  9. Muito bom o texto, concordo com tudo, faço só um comentário, que não é a polícia que orienta não reagir, mas sim a ditadura "politicamente correta", difundida pela mídia vermelha, fazendo com que vire regra. Assim como fazem com a campanha antitabagista.

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  10. Parabéns Pelo TEXTO !!!!!!!!!!!

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  11. O texto é bom, tirando a parte em que diz que nenhum criminoso pode ser reabilitado e que encarcerar as pessoas pelo maior tempo possível é a solução. Nem sempre é o caso. Aliás, poderia haver uma maior taxa de reabilitação se os crimes leves fossem tratados com menos rigor, vez que as penitenciárias funcionam como escolas de crime. Para crimes graves, porém, concordo, todo rigor é pouco.

    Nem todo delinquente é intrinsecamente mau como você quis demonstrar. No mais, é arma na cintura e bala na cabeça de quem ousar cometer qualquer crime.

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  12. Caro professor, uma satisfação ler seus textos.
    Pena q nao esteja aqui na anp, gostaria muito de ser seu aluno.
    Às vezes me pergunto se o armamentismo seria a solução, pois acho q o fácil acesso a armas facilitaria crimes por motivos banais.
    No mais, um abraço e não nos deixe tanto tempo sem notícias.
    Futuro Escrivão

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  13. Parabén pelo excelente texto. Si vis pacem parabellum.

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  14. Prezado Humberto,
    PARABÉNS PELO TEXTO !
    E gostaria de felicitá-lo também por seu livro, que muito me orienta. Trata-se de uma obra-prima da segurança e que deveria ser lida por todos os pais de família.
    E fico feliz por saber que existem pessoas como você, realmente preocupadas com o próximo.
    Continue nesse caminho!
    Grande abraço.
    Alexandre

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  15. Otimo texto, E uma pena que pouco se faz em favor da justiça.
    Estamos presos sonhado com liberdade.

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  16. Humberto, qual é a fonte de estudo e pesquisa sobre essa questão: a decisão correta para se salvar é LUTAR PELA POSSE DA ARMA, e não brigar com o criminoso. Grande abraço!

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  17. Caro colega, sobre o tema mencionado desconheço estudos ou pesquisas. Vale esclarecer que a dica está baseada na observação de casos nos quais a vítima optou por brigar com o criminoso armado. Contudo, muitas das técnicas aplicadas no Krav Magá e no Kombato demonstram a importância de se lutar pela posse da arma como forma de eliminar a capacidade do criminoso representar uma ameaça real. Forte abraço!

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  18. Muito obrigado pela explicação, Wendling. Sou instrutor formado pelo SAT, porém de outra instituição, o Depen. Sou estudioso do tema e tento agregar esses dados nas nossas instruções. Abraço!

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  19. O senão fica por conta irrecuperabilidade de todo criminoso, entendendo isso, o contrato social deveria ser desfeito e cada individuo reassumiria sua autodefesa em detrimento do estado, não haveria necessidade de polícia ou justiça e a luta seria do bem contra o mal.
    Entendo que não devemos polarizar o processo, ou 8 ou 80, devemos reestruturar a segurança pública de forma que todo ato ilícito tenha consequência, uma consequência oportuna, eficaz e equilibrada. Para todos os atores sociais são importantes e seus pontos de vista. Realmente em todos os jornalisticos que tratam de segurança pública sinto falta da fala de um policial que cotidianamente sente na pele a falência do modelo de segurança pública brasileiro. A acesso ao porte de arma de fogo se coaduna com o direito de legitima defesa própria ou de terceiros, no entanto dentro de sistema juridico eficiente, porque senão, ao nos defendermos poderemos ser taxados de "sementinha do mal" e apodrecer nas cadeias brasileiras.

    Parabéns pelo texto.

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  20. Conceituar de forma tão clara e direta, a situação equivocada e inversa da nossa "piedade" com esses bandidos, até o momento não havia lido. Sou civil, pai de família, cidadão e educador. Estranho observar agora, que nunca havia pensado em lutar pela arma e não com o bandido. Seguirei vc, obrigado Rodrigo Prado, pelo post e obrigado Wendling pelo texto, muito relevante.

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  21. Humberto, Puta que pariu, você acertou em cheio. Parabéns, você colocou cada personagem em seu devido lugar. Novamente meus parabéns.

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  22. Caro Humberto...
    Seus textos são de muita valia,já que estou somente aguardando convocação para a PMERJ. Parabéns e obrigado.
    Tenho uma dúvida.
    Como primeira arma,o que aconselhara?!
    Revólver Taurus 4 polegadas 8 tiros ou Glock G25 ?!
    Lembrando que seja qual for a a escolha,a mesma será para porte velado no paisano.
    Mais uma vez muito obrigado e parabéns.
    Continue nos orientando.

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