domingo, 18 de dezembro de 2016

Seja uma pessoa assertiva*

Ser uma pessoa assertiva significa ser firme com o propósito de manter-se seguro. Funciona quando você defende seu espaço (mental e físico) sem recuar e sem agredir alguém; quando você se sente bem ao dizer sim ou não; quando você sabe que não precisa dar satisfações a todas as pessoas por tudo aquilo que faz.

As pessoas assertivas lidam com os conflitos com mais facilidade e satisfação; sentem-se menos estressadas; adquirem maior confiança; agem com mais tato; melhoram sua imagem e credibilidade; expressam seu desacordo de modo convincente, mas sem prejudicar o relacionamento pessoal; resistem às tentativas de manipulação, ameaças, chantagem emocional, bajulação, etc.; sentem-se melhor e fazem com que os outros também se sintam melhor.

Se você não é uma pessoa assertiva, procure oportunidades para exercitar essa qualidade. Reclame de um produto ou serviço ruim; exija um desconto na sua próxima compra; expresse sua opinião sincera naquelas circunstâncias em que você normalmente não faria isso; diga não e agradeça, sempre que alguém lhe oferecer um produto ou serviço do qual não precisa.

Lembre-se que nada disso significa ser rude, combativo, ser dono da razão ou ter a última palavra. Talvez um dos maiores erros que as pessoas comentem em relação à assertividade e à agressividade é não saber a diferença entre uma reclamação e uma crítica. Você tem o direito de apresentar uma reclamação legítima, mas não tem o direito de criticar. Reclamações são tentativas de resolver um problema; críticas são ataques. Uma reclamação faz referência a um assunto urgente que precisa ser negociado e resolvido. Enquanto que uma crítica é um ataque que é insolúvel no momento, normalmente referindo-se a algo do passado ou a alguma característica pessoal de alguém. Ao fazer uma crítica, você permite que a outra parte faça o mesmo em relação a você, dando início a escalada de uma discussão que pode levar à violência. Um exemplo dessa diferença é uma reclamação do tipo: ”Você não está me tratando bem...” Isso define um problema e um fato, abrindo as portas para uma negociação e a chegada a um termo comum. Mas uma crítica encerra essas possibilidades: “Você é mal-educado...”

A prática da assertividade melhora sua autoconfiança e estabelece um perfil de não-vítima.

Portanto, pratique a assertividade nos pequenos acontecimentos do cotidiano. Por exemplo, você parou seu carro no semáforo e não subiu o vidro. Um mendigo, vendedor ou “panfleteiro” se aproxima e lhe pede ou oferece algo que você não quer. Então, faça contato olho no olho e diga: não, obrigado! Você não precisa sorrir, não precisa se justificar nem inventar desculpas. Sua resposta padrão deve ser sempre esta: NÃO!

Em março de 2009, a advogada A.K.S.P. atendeu um desconhecido que havia tocado o interfone. O homem se identificou como pastor e perguntou se a advogada acreditava em Deus. Ela respondeu afirmativamente, e então o homem pediu que ela abrisse a portaria para que ele realizasse a pregação. A advogada simplesmente disse a frase padrão: não, obrigada! (Uberlândia/MG).

Algumas pessoas acreditam que isso não é correto e nem educado, mas a verdade é que você não pode acreditar nas histórias que ouve de pessoas desconhecidas, muito menos acreditar que todas elas são bem intencionadas. Lembre-se, a sua segurança vem em primeiro lugar.

*Trecho do livro Autodefesa Contra o Crime e a Violência.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Se não tem algo bom para fazer, não faça nada!

No dia 16 de setembro de 2016, por volta das 11h, a Polícia Rodoviária Federal fez um excelente trabalho na Rodovia Presidente Dutra. Nessa operação, os Policiais Rodoviários interceptaram e apreenderam 6633 cartuchos de calibres restritos que seriam entregues para criminosos no Rio de Janeiro. O inventário da apreensão foi o seguinte:

  • 4745 cartuchos calibre 9x19mm;
  • 1810 cartuchos calibre .40 S&W;
  • 78 cartuchos calibre 7,62x51mm.

Em dois meses de investigação, policiais de uma força integrada realizaram um ótimo trabalho e aprenderam cinco pistolas Glock G17 (9x19mm) com seletor para rajada, além de milhares de cartuchos de diversos calibres. É quase certo que uma dessas armas foi utilizada para assassinar um Agente de Segurança Penitenciária no dia 17/08.

Desde o início de 2016, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) tem feito outro excelente trabalho e apreendido vários fuzis. Até o dia 16/09/2016, o inventário contabilizava o seguinte (mensagem via Whatsapp):

  • 70 fuzis AR15/M16 5,56x45mm;
  • 48 fuzis AK47 7,62x39mm;
  • 33 fuzis FAL 7,62x51mm;
  • 16 fuzis com especificações diversas;
  • 8 fuzis AR10 7,62x51mm;
  • 8 fuzis Ruger Mini-14 5,56x45mm;
  • 3 fuzis G3 7,62x51mm;
  • 3 fuzis Ak101 5,56x45mm (na mensagem como AK47 5,56);
  • 3 fuzis não identificados;
  • 1 fuzil MD2 5,56x45mm;
  • 1 fuzil SG542 7,62x51mm;
  • 1 fuzil SG551 5,56x45mm.

Tudo indica que os policiais têm algo bom para fazer. E estão fazendo. Entretanto... Entretanto, as notícias mais recentes informam que a PMERJ (talvez muito a contragosto) está substituindo seus fuzis por carabinas .40 S&W com o objetivo de reduzir as “balas perdidas”.

“Nós procuramos, através do XXX, uma arma que se adequasse a essa realidade e chegamos a essa Carabina CT .40. Obviamente é uma arma também letal, mas ela tem uma capacidade de parada muito menor do que um fuzil, ela tem um sistema que evita a rajada, ou seja, o tiro disperso demais. É uma arma leve, de fabricação brasileira, que já foi aceita em várias polícias do Brasil e também pela polícia de outros países. Pelo que eu vi aqui, ela está tendo aceitação dos policiais e também temos uma avaliação técnica de que é uma proposta interessante. A gente pretende com isso fazer a parte da polícia que é torna-la cada vez menos letal.”

“Esse armamento é diferente do fuzil porque o fuzil tem um alcance de quatro quilômetros. Imagina você acertar um tiro a quatro quilômetros? Ele tem um poder de parada muito mais alto, então as chances dele executar um tiro acidental ou fazer um tiro fora do alvo são mínimas, são quase nulas. Não existe um acidente com essa arma. Ele reduz a letalidade, vai zerar a letalidade com o incidente deste armamento. Não existe incidente com esse armamento. O policial tem que querer fazer o disparo e vai acertar onde o policial fizer a sua visada. Ele não vai dar um tiro de três metros e acertar onde ele não queria.”

Se o tiro do policial alcançou a distância de quatro quilômetros, então ele errou alvo. Motivos: arma ruim, munição ruim, mira desajustada, incapacidade técnica ou displicência. Mas se ele acertar o alvo usando um fuzil, uma preocupação natural é a chance de transfixação. Para isso a tecnologia trouxe uma resposta: munições expansivas.

Poder de parada é um mito (Nem perco tempo com isso!). Qualquer arma de fogo tem potencial provocar acidentes e incidentes. Tiro fora ou dentro do alvo depende mais do atirador do que da arma (considerando uma arma em perfeita condição). Tiro fora do alvo igual “bala perdida” (até para carabina de pressão).

“O calibre .40 é para ser usado em pequenas distâncias. A utilização do fuzil 556 ou 762 é extremamente perigosa em áreas densamente povoadas. A carabina não dá rajadas; por outro lado, tem maior precisão. O policial ganha em autonomia de tiro, tem a letalidade necessária para a neutralização de um agressor e apresenta poder reduzido de penetração.”

Um policial não possui autonomia de tiro quando emprega um armamento de poder e alcance menores. Com uma carabina .40 o policial está limitado na medida das características do armamento, com grande chance de ter que se aproximar do perigo para tentar ser eficaz. Quer dizer, enquanto o policial tem que se aproximar para atirar com uma arma que dispara munição de pistola, o criminoso pode agir com o benefício da distância (e usando a arma e a munição corretas). Para não cometer esse erro tático (se aproximar com uma carabina .40 de alguém que atira com um fuzil 5,56 ou 7,62), o policial terá que ficar onde está ou recuar e desistir. Entre um fuzil e uma carabina numa curta distância, a letalidade vai estar do lado daquele que acertar bem acertado.

Como uma carabina .40 pode ser mais precisa que um fuzil? “Porque a carabina não ‘dá rajada’, assim os tiros intermitentes ficam mais agrupados. Com o fuzil, que ‘dá rajada’, fica mais difícil controlar o recuo da arma”. Primeiro, existem fuzis que não possuem a opção de rajada. Precisão não pode ser medida apenas pela cadência de tiro. Qualquer arma em sistema de rajada é menos precisa em relação a mesma arma no regime intermitente. Isso serve para uma Glock adaptada, uma submetralhadora, uma espingarda ou um fuzil. Precisão é, GROSSO MODO, uma relação entre a arma, a munição, o aparelho de pontaria, a condição do alvo (parado, em movimento, longe, perto, etc.) e a habilidade técnica do atirador.

“Não tem o poder de penetrar parede ou uma placa de aço. É uma arma reconhecida internacionalmente, inclusive em Israel. Lá também é usada para ação policial. Uma arma que dá segurança ao policial, permite que ele responda a uma agressão e o policial tem um poder necessário para realizar seu trabalho. Os fuzis só foram adotados por causa de uma falta de equipamento que pudesse se adequar a realidade do Rio. Por parte do policial será reduzido a possibilidade da bala perdida. Não sei especificar um percentual preciso, mas é será bem expressivo. Estamos falando de redução e não a eliminação da possibilidade”.

Um projétil que não consegue transfixar um anteparo e que possui curto alcance tem menos chance de acertar alguém após atingir o alvo pretendido. Mas a questão não é a possibilidade de transfixação ou o alcance do projétil do fuzil. O FBI (Federal Bureau of Investigation) chegou a essa conclusão em 1987 (29 anos atrás). O problema é o tiro que NÃO ACERTA O ALVO.

Portanto, “bala perdida” não é apenas o projétil que transfixa alguma coisa ou viaja longe demais sem acertar nada. “Bala perdida” é QUALQUER PROJÉTIL QUE ERRA O ALVO. E isso pode acontecer com um revólver, uma pistola ou uma metralhadora. Pode acontecer com um único disparo ou com uma rajada. Pode ser a curta distância. Com alguém dentro de uma loja, um barraco, um apartamento ou um automóvel. Para diminuir a possibilidade de o policial errar o alvo, ele precisa de treinamento constante.

Além do mais, “bala perdida” é, sobretudo, o resultado de uma forma displicente de utilizar a arma. Simplesmente apontar qualquer arma e disparar a esmo ou no rumo de alguma coisa ou alguém é uma demonstração de baixa qualidade técnica. Aqui fica a máxima do Agente Agrelli, professor de Armamento e Tiro e Atirador Designado da NO: “Eu só atiro quando tenho certeza!”

E onde estão as estatísticas sobre “balas perdidas” no Rio de Janeiro? Já se sabe quantas foram? De onde partiram? De quais armas foram disparadas? São armas da polícia? Cada policial tem sua própria arma longa? Ele ajustou o aparelho de pontaria da arma ou ela é utilizada por todo o efetivo? Foi examinada? São armas dos criminosos? Quantas armas apreendidas foram submetidas ao exame pericial? Os resultados foram comparados com os projéteis que atingiram as vítimas? É óbvio que reduzir o poder e o volume de fogo da polícia resultará numa redução da possibilidade de “bala perdida”. É óbvio, também, que a polícia deve se esforçar para proteger o cidadão. O inaceitável é responsabilizar os policiais por todas as vítimas de “balas perdidas” sem que se saiba o mínimo sobre as ocorrências.

“Policial de UPP, em tese, não tem que atirar em ninguém. A bala do fuzil atravessa barracos. Essas armas novas causam um estrago menor.”

Se a administração não quer que o policial atire em alguém, então ela deve fazer apenas três coisas: apreender todas as armas dos delinquentes; prender todos eles e mantê-los presos de verdade e por muito tempo. Outra medida, até mais simples, é deixar todos os policiais nos quartéis e delegacias. Isso também vai diminuir as mortes de policiais e criminosos. Mas enquanto houver pessoas dispostas a subjugar os cidadãos e a enfrentar a polícia, deve haver policiais preparados e dispostos a reagir e atirar.

“Na verdade, o policial tem que fazer três coisas: 1 – não morra. 2 – não mate. 3 – não minta. Então, abrigue-se e, como diz o XXXXXXXXXXX (comandante da PM), chame o irmão mais velho, no caso o COE (Comando de Operações Especiais)”


Isso me faz lembrar um velho conselho: “Se o tiro é pra direita, corra pra esquerda. Se o tiro é pra esquerda, corra até o banco e saque seu salário. Você não vai mudar o mundo.” Mas será que as pessoas inocentes, inclusive aquelas que nós amamos, precisam de uma polícia assim? A polícia carece de homens e mulheres que precisam se esconder para não morrer e não matar? Quem vai para a rua enfrentar o perigo quando as coisas saírem do controle? Já existem muitas pessoas defendendo apenas o interesse próprio, o poder, o status, o dinheiro e a crueldade. E o país não suporta mais 600 mil brasileiros assim.

“Defendo que os policiais utilizem carabinas de calibre .30. Um dos motivos é o custo. Temos armas excedentes nas Forças Armadas que poderiam sem repassadas à polícia a um baixíssimo valor, quase de graça. Além disso, o uso da carabina .30 facilitaria trabalhos de perícia, a começar pelo fato de que este calibre não é usado por criminosos”.

Quando se trata da vida das pessoas, especialmente dos policiais e cidadãos, a economia de dinheiro NUNCA deve ser uma opção. As pessoas precisam de segurança efetiva e os policiais também (não dessa bobagem de “sensação de segurança”). Além disso, para desempenhar um bom trabalho, todo policial precisa de treinamento profissional e equipamentos de QUALIDADE INTERNACIONAL. E isso sem discutir outras questões igualmente importantes.

A polícia não precisa de doação de equipamentos obsoletos porque isso não resolve o problema, não torna a cidade mais segurança nem melhora o trabalho policial. Se for assim, basta substituir as pistolas .40 (com 15 ou 17 cartuchos) por velhos revólveres .32 ou .38 (com 5 ou 6 tiros). Com esta medida patética, ou seja, a redução do volume e do poder de fogo do policial, também se reduzirá a taxa de “balas perdidas” e a letalidade da polícia.

Parece haver um desvairo em periciar as armas dos policiais que atuam no estrito cumprimento do dever e em legítima defesa. Entretanto, essa vontade não se manifesta na perícia das armas utilizadas por criminosos, até porque a percentual de elucidação dos crimes no Brasil não ultrapassa oito por cento (8%). Quanto a isso, NINGUÉM assume a (ir)responsabilidade. Assim, basta culpar o policial por todas as mazelas e seguir em frente com medidas baratas, amadoras e superficiais.

“Nas áreas onde os soldados podem precisar contrapor tiros que vem de cima ou de uma distância maior, as carabinas .40 são anêmicas e não vão se prestar ao que se espera. Nas UPPs o cara infelizmente ainda precisa ter fuzil.”

“Há uma proliferação de fuzis nas favelas com UPP. Nossos soldados estão sendo atacados e mortos o tempo todo. Mesmo assim, vamos diminuir nosso poder de fogo. Ou seja: vamos para um território conflagrado com armas menos poderosas do que as dos criminosos”.

O oficial que fez a declaração acima também disse que só nos oito primeiros dias de dezembro de 2015, criminosos atacaram policiais das UPPs 43 vezes. No mesmo ano, ainda segundo o policial, 13 policiais foram mortos dentro das localidades com UPPs.

Quando um cidadão ou um policial é morto, uma família chora calada. Quando um criminoso procura a morte, aqueles que vivem do seu dinheiro sujo são convidados no noticiário. Então, se o Estado não se preocupa em inverter essa dinâmica, não deveria fazer nada.

Fonte 1: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/05/rj-adota-armas-que-podem-reduzir-balas-perdidas-em-areas-com-upps.html
Fonte 2: http://oglobo.globo.com/rio/policia-militar-comeca-trocar-fuzis-por-carabinas-19989983#ixzz4Ki6mwOAO
Fonte 3: http://veja.abril.com.br/brasil/beltrame-tira-fuzis-das-upps/

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Airsoft: mais importante do que se pensa!

O treinamento com armas de fogo é parte fundamental na atividade policial pela importância da salvaguarda dos cidadãos e dos próprios policiais em todo o mundo. Em mãos criminosas, a arma é um instrumento de ataque. Já nas mãos do cidadão e da polícia é uma ferramenta de defesa.

Mas, só porque o policial tem uma arma, foi ao estande e atirou contra um alvo de papel, não significa que ele seja capaz de perceber o perigo e agir corretamente num confronto real. E isso é um contrassenso! Por quê? Se perguntarmos a qualquer policial que foi forçado a sacar a arma e atirar num agressor, ele vai dizer que as coisas são bem diferentes quando alguém está tentando matá-lo. Apesar disso, essa diferença não enfraquece ou elimina a importância do treino com armas de verdade. Pelo contrário, a distância entre a realidade e o treinamento precisa ser diminuída (considerando os parâmetros de segurança) e o treino com tiro real tem de ser constante, consistente, profissional, técnico e objetivo (uma raridade nas polícias brasileiras).

Então, alguns policiais têm a ideia equivocada de que possuir uma arma e dispará-la algumas vezes é o suficiente para ter EXPERIÊNCIA, saber o quê e quando fazer, e estar protegido contra os criminosos. Por causa da arma na cintura e do treino convencional, eles acreditam que são capazes de usá-la na hora da necessidade, disparando uma quantidade determinada de tiros para incapacitar o agressor e repelir a ameaça com eficácia.

Para diminuir esse perigoso erro de avaliação, outro modelo de treinamento policial, em complemento ao atual, precisa ser utilizado para permitir a interação real entre os participantes e a capacidade de pensar e responder, da melhor maneira possível, ante o IMPREVISTO.

Para isso, já existem as tecnologias do tipo Force-on-Force (Simunition®, Airsoft) e os simuladores virtuais de tiro. O Airsoft está ganhando força no Brasil e, pessoalmente, espero que melhore cada vez mais. Na verdade, desejo que todo cidadão possa portar uma arma de fogo ESTRANGEIRA e comprar munição em boa quantidade; que o esporte de tiro ganhe mais e mais praticantes; que estandes de tiro de excelência propaguem pelo país; e finalmente,  que a compra de material bélico policial seja submetida EXCLUSIVAMENTE à análise de quem faz polícia e está numa guerra verdadeira e diária.

Bem, essas tecnologias obrigam o policial a experimentar a ANSIEDADE de uma ação ou reação policial, os conflitos sobre o uso da força letal, as dificuldades dos confrontos em ambientes confinados e/ou com baixa visibilidade, a viabilidade e dificuldade de emprego de determinados equipamentos (coldres, uniformes, roupas civis, rádios HT, lanternas) e procedimentos (verbalização, técnicas, comportamento, etc.). São instrumentos capazes de ensiná-lo a fazer o que precisa ser feito, a fim de se proteger, mas, sobretudo, SOBREVIVER ao confronto.

Os exercícios Force-on-Force (simulando situações reais, inclusive as vivenciadas por outros colegas policiais, conforme os ESTUDOS DE CASOS – outra raridade nas polícias nacionais) permitem a construção da EXPERIÊNCIA PRÁTICA. Outra forma de construir esse conhecimento é a participação em confrontos armados reais, cujo risco não vale o benefício.

Instrutores e gestores PROFISSIONAIS precisam aprimorar a formação do policial em algumas das seguintes áreas:

Treino sob estresse: treinamento sob estresse é importante porque quando estamos sob estresse sempre recorremos às coisas que conhecemos por instinto, ou seja, aquilo que é básico em nossa formação. Por isso, não conseguimos realizar tarefas complicadas capazes de serem feitas quando estamos calmos ou num ambiente controlado. Além disso, mesmo que estejamos familiarizados com alguma técnica, a quantidade de estresse pode simplesmente destruir nossa capacidade de autodefesa. Nós já escutamos histórias de policiais experientes que foram vítimas de criminosos. Certamente, eles não foram vítimas porque não sabiam lutar, mas porque talvez não soubessem lidar emocional e mentalmente com o estresse da coisa real. Assim, se o policial possui uma arma, ele precisa ser capaz de operar com ela quando o estresse se iniciar. Ele precisa ter ideias e métodos simples de ação/reação armada para praticá-los até que se tornem automáticos. Felizmente, o estresse emocional é facilmente obtido por meio da ansiedade de um treino ou atividade em ambientes ou cenários desconhecidos, a chave das tecnologias Force-on-Force, quando o aluno policial interage com outras pessoas e com a surpresa de cada situação. Além disso, a necessidade de ter que selecionar a melhor opção de reação no menor tempo possível para uma dada situação é o elemento que provoca o estresse emocional que o aluno deve se acostumar.

Mas lembre-se: TREINO SOB ESTRESSE É DIFERENTE DE “PRESEPADA”. Técnica (conhecimento) e fanfarronice são como água e óleo; não se misturam. Onde há técnica não há presepada! E se há fanfarronice, infelizmente o aluno policial está no lugar errado! Vocês entenderam...

Treino com tomada de decisão: nem toda pessoa para quem o policial aponta uma arma, tem de ser baleada. Num ambiente com diversas pessoas e possíveis criminosos armados, ele ainda tem que usar o bom senso. Treinamentos que ensinam o policial a identificar agressores e inocentes são extremamente importantes. Tanto para evitar um problema jurídico quanto a perda de vidas indefesas. Treinamentos com tomada de decisão sobre o uso da força letal são capazes de incutir o pensamento do tipo “eu só atiro quando tenho certeza!”, frase do professor, amigo e Agente Federal Agrelli. Outra vantagem desse tipo de treinamento é que ele exige do policial plena concentração na tarefa. Por sua vez, a concentração e a necessidade de avaliação do cenário no qual o policial se encontra, faz com que ele aplique as técnicas policiais com melhor qualidade e segurança para todos.

Familiarização com o porte e o saque de arma dissimulada: se o policial estiver num confronto com seu adversário e sacar sua arma, ele precisa estar familiarizado com ela e com o método de porte dissimulado que escolheu. Que passos são necessários para que o policial levante a camisa e saque a arma do coldre? Ele está usando equipamentos com travas de segurança? Isso é importante porque as coisas nem sempre são fáceis de fazer durante o estresse. O policial também tem que levar em conta a roupa que está vestindo. Com a camisa que ele está vestindo no treino Force-on-Force, é possível livrar toda a arma sem que parte da roupa se enrosque nela?

Treinamentos sob estresse, com tomada de decisão em cenários realísticos não são permitidos com o uso de armas de fogo sob pena de uma falha do policial provocar um disparo acidental com ferimento. Nenhum desses problemas ocorre com as tecnologias Force-on-Force. Por essas razões, o NONO/NON/NO e o NON/NO há anos treinam com um dispositivo denominado Simunition. Entretanto, devido ao alto custo de aquisição dos kits de conversão (que transformam as armas de fogo em instrumentos não letais), o custo da munição, dos equipamentos de proteção individual (para todo o rosto e tronco), da impossibilidade de utilização do aparato em qualquer ambiente, a inovação tecnológica produziu outro instrumento de treino chamado Airsoft.

Em resumo, as armas Airsoft são réplicas de armas de fogo (pistolas, submetralhadoras, fuzis de assalto, rifles, espingardas) que funcionam com gás comprimido ou baterias recarregáveis e lançam pequenas esferas plásticas. Sob todos os aspectos, o Airsoft é mais econômico e fácil de operar se comparado com o Simunition, inclusive permitindo que o policial treine com os mesmos equipamentos que dispõe para a atividade diária (roupa, coldre, lanterna, etc.). O equipamento individual se resume a proteção do rosto (óculos de proteção e mascara para nariz e boca), e o local para o treino não exige especificações técnicas como um estande de tiro, por exemplo. Isso significa que o efetivo policial pode ser treinado no próprio local de trabalho, o que gera ainda mais economia de recursos e nenhuma preocupação com as condições climáticas (calor, frio, chuva). Também permite que o policial mantenha sua agenda de treinamento com elevada carga de disparos e simulações (com baixo custo), impossíveis de serem efetivadas com as armas de fogo ou o Simunition.

Airsoft já é popular entre as forças armadas e policiais de países desenvolvidos e com larga experiência em combate. Entusiastas, em todo o mundo, formam equipes de competidores e simulam conflitos bélicos, inclusive com a participação de militares experientes, devido à semelhança com a realidade. Além do mais, usar Airsoft aumenta o entusiasmo e o desejo de treinar mais vezes quando comparado com os exercícios em seco.

Finalmente, o Airsoft ainda permite o treinamento policial em três frentes: primeiro, auxilia na recuperação dos conceitos relacionados ao tiro daquele policial que se manteve afastado do contato com a arma de fogo; segundo, permite que novos policiais aprendam os fundamentos do tiro (visada, empunhadura, controle do gatilho, base, apresentação, respiração) sem a preocupação com o recuo e o estampido; terceiro, permite o aprimoramento das técnicas de sobrevivência policial sem a possibilidade de um ferimento real causado por um disparo acidental. Em seguida, todos os policiais, novos e antigos, podem graduar para o uso de armas de fogo ou a aplicação de técnicas avançadas no treino convencional.

Na próxima vez que sua organização policial investir em algum equipamento, sugira aquele que pode valorizar o treinamento e trazer o sucesso num conflito.