quarta-feira, 29 de maio de 2013

Santa hipocrisia!

Um amigo policial certa vez confidenciou que aguardaria ansioso a próxima encarnação para renascer num país sério e com um sistema de segurança pública igualmente profissional e valorizado. À primeira vista, tal pensamento pareceu o cúmulo do pessimismo e o total descrédito no país e no trabalho policial.

Quando o suspeito número 2 dos atentados terroristas de Boston/EUA foi capturado, era visível a alegria contagiante dos policiais envolvidos na operação e o orgulho nacionalista da população, que gritava “USA! USA! USA!” e aplaudia os policiais. E isso me fez pensar que talvez meu amigo brasileiro estivesse com a razão!

Então, a revista Isto É publicou o artigo “Eles defendem a descriminalização das drogas”1:


“O movimento Viva Rio colheu assinaturas de sete ex-ministros da Justiça, dos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Todos são favoráveis à descriminalização das drogas. Eles acreditam que tirar o usuário de entorpecentes do âmbito penal trará uma política mais efetiva de combate ao narcotráfico e ao tratamento da dependência. Na semana passada, a carta foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), que já estava com o debate em relação à maconha na pauta deste semestre.” (ISTO É, 2013).


O mais estranho na notícia é que o abaixo-assinado foi uma iniciativa do Movimento Viva Rio, o mesmo que é favorável às políticas de restrição, desarmamento e destruição de armas de fogo como medida de redução da violência. O site da entidade diz o seguinte sobre isso2:


“O Viva Rio desenvolve atividades destinadas a reduzir a violência armada. Os objetivos do projeto são: redução da procura por armas (conscientização da população sobre os perigos das armas); fiscalização da oferta (combate ao contrabando e vigilância sobre produção, venda, exportação e importação, para evitar desvios); controle de estoques (destruição dos excedentes de armas e programas de entrega voluntária).” (VIVA RIO, 2013).


Reduzir a violência armada e descriminalizar o uso de entorpecentes?! É isso mesmo?! Eles querem restringir a oferta de armas de fogo, destruir as que existem, impedir que as pessoas trabalhadoras e honestas se defendam, descriminalizar o uso das drogas e liberar o usuário da sua cota de responsabilidade porque acreditam que ele é um doente sem consciência dos seus atos?! Essa é a estratégia para diminuir a violência no país?! Isso mais parece a estratégia do caos.

Considerando que ainda há vestígios de democracia e liberdade de expressão, chego à conclusão que existem duas opções para tratar o tema. A primeira é ficar calado aguardando a próxima encarnação e a outra é exercer o direito de opinião. Apesar do tema fugir daquele de costume (armas, técnicas de tiro, sobrevivênvia policial), o mais produtivo é fazer as duas coisas, ou seja, opinar e depois aguardar o destino da vida além-túmulo.


O usuário e o dependente químico

Há muita confusão sobre os significados dos termos “usuário de drogas” e “dependente químico”. Todo dependente químico é um usuário, mas a recíproca não é verdadeira. Quer dizer, nem todo usuário é um dependente. A jornada no mundo dos entorpecentes começa com o uso recreativo e consciente da droga, passa pela dependência e termina com a morte. Assim, o uso esporádico é o início da jornada, a travessia da barreira moral que impede a maioria das pessoas de cometer atos indevidos. A dependência é o meio do caminho, é o instante de desconexão do mundo real, da família, da sociedade, dos valores religiosos e espirituais. É a preparação para a morte, que é o fim da caminhada do indivíduo imprudente.

E se a dependência química ou a morte chega para alguém, esse problema não é da conta do cidadão comprometido com a evolução do mundo. Afinal, os inocentes não podem ser responsabilizados pela estreiteza de personalidade de alguns.

Ainda não há comprovação científica sobre a capacidade da maconha produzir a dependência química ou psicológica. Contudo, quando pessoas se reúnem com a intenção de consumir essa substância entorpecente é certo que junto delas haverá outros indivíduos propensos a utilizar outras drogas, como a cocaína e o crack. Por analogia, é como um bar da periferia, com interior decorado com prateleiras de garrafas de pinga e paredes revestidas com azulejos estampados. Num lugar assim, quem pode ser encontrado? Bêbados, desesperados, pessoas sem rumo, mendigos, etc. E quem é encontrado numa reunião de usuários de drogas? Apenas maconheiros e maconha?

A considerar que as pessoas possuem liberdade de escolha e sabem desde cedo o que é correto e o que é errado, imaginar que o usuário e o dependente químico são pobres coitados beira o ridículo. Eles fizeram suas escolhas de forma consciente e antecipada e, portanto, as mazelas das drogas devem ser suportadas unicamente por aqueles que tomaram decisões equivocadas.

O homem que se preza deve ter a capacidade para assumir a responsabilidade por seus atos e perceber que aquela barreira moral (que separa o certo e o errado) foi rompida por uma simples, única e egoísta decisão pessoal. Aquele que decide usar o entorpecente o faz ciente dos riscos e da possibilidade de ser tornar um dependente químico ou morrer repentina ou lentamente, apesar do apelo familiar, do apelo dos homens sérios, da parte honesta do Estado, da parte livre da imprensa e do resto do mundo. Ele também conhece o prejuízo que causará aos seus entes queridos e a si próprio. Sabe também que seu ato representa o incremento nos níveis de violência contra toda a sociedade. Sabe que o dinheiro utilizado para saciar um desejo tolo servirá para armar criminosos que irão roubar, sequestrar e matar pessoas corretas. Pessoas que não serão protegidas pelos ativistas dos direitos humanos nem pelo próprio Estado. Portanto, as consequências do uso recreativo do entorpecente ou da dependência química não deveria recair sobre os ombros dos cidadãos que mantém o Estado e o progresso do país à custa do suor do trabalho diário.

Assim, também é inadmissível que a maioria da sociedade seja subjugada pela violência acessória ao tráfico de drogas (furtos, roubos, agressões físicas, sequestros relâmpagos, latrocínios, etc.) apenas porque alguns indivíduos desejam dar vazão a um desejo egoísta e idiota. Afinal, é o usuário/dependente que fomenta o tráfico ilícito de entorpecentes, pois onde há procura, há oferta. O dependente químico é um caso de saúde pública, mas o usuário recreativo é caso de polícia. E todos eles são casos de falta de vergonha. Se querem emoção, opções não faltam: mergulho autônomo, paraquedismo, montanhismo, ciclismo, surf, esportes convencionais, artes marciais, tiro prático, paintball, airsoft, música, sexo, chocolate, pizza, jardinagem, jogos de computador, cinema, trabalho policial militar, quebra-cabeças de 5000 peças, etc.


Serve para as armas de fogo e o direito de autodefesa?


“Os ex-ministros argumentam que a política de repressão não reduziu os índices de violência ou a quantidade de usuários. Para eles, é preciso mudar o eixo da questão, tratando o usuário, não do ponto de vista da segurança, mas da saúde pública. Miram-se no exemplo de países como Portugal, em que a prisão de infratores foi substituída por oferta de tratamento médico. Assim, os investimentos e esforços policiais focariam apenas no combate aos traficantes. Mais do que isso, eles afirmam que não se pode tolher o direito individual. Da mesma forma que beber ou fumar são escolhas pessoais, a despeito dos malefícios à saúde ou à sociedade, injetar heroína ou cheirar cocaína também são. A rigor, defende o atual xxxxxxxxxx Xxxxx Xxxxx (XX), quem consome droga na intimidade de seu lar não faz mal a ninguém.” (ISTO É, 2013).


Quanto ao caso português, a Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas publicou um artigo de Reinaldo Azevedo3, onde ele afirmou o seguinte:


"O país descriminou o uso de drogas, mas não o tráfico. E se passou a espalhar a mentira. Já desmoralizei essa patacoada. Com a descriminação, houve um aumento de 53,8% no número de pessoas que experimentaram drogas ao menos uma vez: de 7,8% para 12%. O tráfico aumentou, cresceu a taxa de homicídios, e o número de mortes relacionadas a drogas aumentou 40%." (UNIAD, 2013).


Sete ex-ministros da Justiça afirmaram que a política de repressão não diminuiu os níveis de violência. Pelo menos nisso há consenso, afinal o Brasil não possui uma política duradoura e consistente de segurança pública. Afirmaram também que não houve redução na quantidade de usuários; o que é óbvio, pois o tratamento dispensado ao usuário recreativo é geralmente leniente. Como diminuir o número de usuários recreativos, se os valores familiares e a educação formal (no ensino fundamental, no médio e, principalmente, no superior) estão comprometidas com personalidades e comportamentos frouxos. Um exemplo típico foi o episódio da invasão da reitoria da Universidade de São Paulo (USP) por “alunos” favoráveis ao consumo de drogas.

Além disso, como diminuir os níveis de violência quando há um exagero na tolerância ao uso do entorpecente. De modo hipócrita, demonizam motoristas alcoolizados que provocam acidentes de trânsito, mas divulgam e participam de passeatas pelas cidades para garantir a legalidade para fumar maconha e crack em praças públicas, cheirar cocaína e lança-perfume no carnaval, tomar anfetaminas em festas, etc.

Outro absurdo é a afirmação de que “não se pode tolher o direito individual. Da mesma forma que beber ou fumar são escolhas pessoais, a despeito dos malefícios à saúde ou à sociedade, injetar heroína ou cheirar cocaína também são. A rigor, quem consome droga na intimidade de seu lar não faz mal a ninguém.” Como assim, não se pode tolher o direito individual?! E o direito à legítima defesa, à aquisição e ao porte de armas de fogo?! Esse direito não vem sendo negado há anos?! A frase poderia ser: “não se pode tolher o direito individual à legítima defesa. A rigor, quem compra ou porta arma de fogo legalizada na intimidade de seu lar não faz mal a ninguém.”

O texto assinado pelos ex-minitros considera “que o Brasil é um Estado constitucional fundado na dignidade humana e na pluralidade política, e que cada cidadão tem liberdade para construir seu próprio modo de vida desde que respeite o mesmo espaço dos demais, não é legítima a criminalização de comportamentos praticados dentro da esfera de intimidade do indivíduo, que não prejudique terceiros.” Ex-ministros da justiça da sétima economia mundial e notórias personalidades nacionais estão mais preocupadas com a dignidade humana dos maconheiros do que com o resto da população trabalhadora e ordeira. E quanto à dignidade humana das vítimas do crime e da violência? A dignidade dos alunos do ensino público? Dos pacientes da saúde pública? E a dignidade do cidadão trabalhador? A dignidade das crianças inocentes? A dignidade do desempregado e do assalariado? A dignidade dos policiais que arriscam a vida diariamente para garantir o sossego social, enquanto são massacrados por criminosos e por uma estrutura policial interna falida e elitista?

Como alguém que usa drogas, que mantém contato com traficantes nas bocas de fumo (ou biqueiras) na calada da noite, que financia o tráfico de drogas, o tráfico de armas, os roubos, os furtos e outros crimes periféricos não faz mal a ninguém? Ora, para que não houvesse prejuízo, tanto o consumo quanto o comércio deveriam ser legalizados. Ainda assim haveria controvérsia, pois o cigarro e as bebidas alcoólicas são legalizadas e seu uso irresponsável tem trazido enormes prejuízos às pessoas.


“A reforma desejada pelos projetos em tramitação no Congresso, inclusive, assume seu caráter contraditório, pois permite o uso das drogas, mas proíbe a venda. Como liberar a demanda restringindo a oferta? Parece ingênuo, sob essa ótica, acreditar que a medida liquidaria com a produção e a distribuição das drogas – também relacionadas ao tráfico de armas e à corrupção policial. ‘Esses ex-ministros se omitiram criminosamente quando ocuparam o cargo e não investiram em programas e tratamentos para dependentes’, diz Xxxxxxxxxxx.” (ISTO É, 2013).


O juiz Xxxx Xxxxxxx Xxxxxxx xx Xxxxxxxx, da Xª vara do Distrito Federal, se baseia em estatísticas para discordar dos ex-ministros. Diz que apenas 5% da população é usuária de drogas, segundo a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas; e 76% dos brasileiros apoiam a proibição ao consumo, de acordo com uma pesquisa do Datafolha. ‘Governo e entidades têm se mobilizado para assegurar a prevalência do interesse de uma inexpressiva minoria em detrimento do bem-estar da grande maioria’, afirma Oliveira.” (ISTO É, 2013).


O que diz a inteligência internacional4

"26 de junho de 2012 - Enfrentar o crime organizado transnacional e as drogas ilícitas deve ser parte integral da agenda de desenvolvimento, disse hoje, o diretor executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), Yury Fedotov, à Assembleia Geral das Nações Unidas. Durante um debate temático especial sobre drogas e crime como ameaças ao desenvolvimento, Fedotov disse que com o prazo de 2015 se aproximando para fazer um balanço do progresso global para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, existe um reconhecimento cada vez maior de que o crime organizado e as drogas ilícitas impedem a consecução dessas metas.


As drogas ilícitas alimentam o crime e a insegurança, ao mesmo tempo em que minam os direitos humanos e representam sérios riscos à saúde: "A heroína, a cocaína e outras drogas continuam matando cerca de 200.000 pessoas por ano, devastando famílias, levando à miséria milhares de pessoas, bem como gerando insegurança e a disseminação do HIV", disse Fedotov, ao lançar o Relatório Mundial sobre Drogas de 2012 na Assembleia Geral, em Nova Iorque." (UNODC, 2012).


Pensamento nacional1

"Quando aplicamos uma pena criminal ao usuário e o levamos à prisão, ele acaba se transformando em traficante."


"A pior coisa que pode acontecer a um usuário, condenado criminalmente, é o estigma que ele sofrerá para o resta da vida. A lei em vigor não reduz o uso da drogas, pelo contrário."


"Não podemos dar tratamento penal a um crime cuja vítima seria o próprio usuário. É preciso, sim, orientar quanto aos males do consumo de substâncias ilícitas."


"O Brasil está suportando há décadas uma política que não produz os resultados necessários. Apoio a mudança do centro de gravidade do problemas, tirando-o da polícia e colocando-o na saúde."


"A punição dos usuários desvia a atenção essencial: toda energia policial deve ser contra o tráfico. Quem fuma maconha, a rigor, não incomoda ninguém."


Fonte 1: Revista Isto É, 2013.
Fonte 2: UN. Disponível em http://www.un.org/ga/20special/presskit/themes/altdev-6.htm
Fonte 3: UNIAD. Disponível em http://www.uniad.org.br/desenvolvimento/index.php/blogs/dependencia-quimica/18422-relatorio-preliminar-de-orgao-do-ministerio-da-justica-diz-que-dilma-aceita-debater-a-descriminacao-das-drogas-e-mesmo-ela-avisou-isso-aos-eleitores-em-2010-vai-avisar-em-2014
Fonte 4: UNODC. Disponível em http://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/frontpage/2012/06/26-press-release-WDR-2012.html



16 comentários:

  1. Prezado Humberto, excelente artigo! Argumentos contundentes, dados científicos, rigor acadêmico. Simplesmente perfeito!

    Concordo com tudo o que escreveu. É muita ingenuidade tratar o usuário de droga como 'coitadinho' e não permitir o acesso livre às armas de fogo para cidadãos honestos.

    Temo que seu amigo policial citado no início do texto esteja certo.

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  2. Como sempre, mais um texto de opinião impecável e patriota! É disso que se precisa para salvar o País.

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  3. Situação complicada.

    Sou a favor da lei que temos atualmente e não de discriminalizar o uso de drogas.

    Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:

    I - advertência sobre os efeitos das drogas;

    II - prestação de serviços à comunidade;

    III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

    de preferência que fosse aplicado o inciso II, todo usuário esporádico, pego com droga, deveria prestar serviços à comunidade. Botar pra varrer rua, pegar lixo, etc, etc.

    Entretanto, vivemos um tempo em que todos os valores estão sendo deteriorados. Tenho apenas 24 anos, mas minha mãe (45) me dizia que "na época dela", era possível caminhar sozinho pelas ruas, altas horas da madrugada, os ladrões apenas furtavam (e não matavam, como está cada vez mais frequente). Mas eram outros tempos, em que existiam VALORES.

    Mas o que importa é que a copa é nossa, que o estádio mané garrincha custou + que o dobro do orçado (alguém deveria ser preso por superfaturamento ou demitido por fazer um orçamento tão mal feito) e que nós "vamos fazer bonito!". Plim-plim!

    KM

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    1. KM,

      veja a situação, como eu disse abaixo, faço palestras nas escolas, nas quais sua maioria esmagadora é de menores. De acordo com as situações que encontrava, como policial, procurei o promotor da infância para tentarmos um trabalho sobre o assunto. Resumindo, disse a ele que achava interessante que, por exemplo, a criança ou adolescente que fosse pego consumindo drogas deveria prestar serviços, principalmente, pintando os muros da escola onde estuda e foi pego etc. O que esse promotor me disse: "Mas isso é uma atitude vexatória para o menor, ele não pode passar por isso...". É mole ou quer mais. Apertei a mão dele e saí do gabinete.

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  4. Concordo com a questão do desarmamento, mas seu ponto de vista sobre a liberação das drogas é o mesmo da maioria das pessoas sobre as armas: muito parcial.
    Não sou usuário, muito menos dependente! Mas não conheço nenhum usuário de droga que consuma com a intenção de financiar bandido. Eles não tem opção legal! Assim como quem quer ter uma arma para se defender.
    Parabéns pelo texto!
    abraço!

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  5. Humberto, simplesmente fantástico, argumentação precisa e irrefutável, não há o que se ponderar, é, infelizmente, o fiel retrato da realidade. Parabéns pelo exímio texto. Att. Rodrigo

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  6. Parabéns, Humberto, excelente texto.
    Faço palestras nas escolas da região sobre Prevenção ao uso e abuso de Drogas. Um projeto nosso já virou programa nas escolas da região para desenvolvimento de um trabalho de prevenção continuado para alunos a partir do 6º ano.
    Nós não vemos no Brasil, quiçá no mundo, campanhas, trabalhos,propagandas, atividades maciças a respeito dos malefícios das drogas, como atitudes de prevenção.
    Quanto aos malefícios do uso da maconha, segue o link para você dar uma olhada. A maconha faz mal sim: http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/maconha-faz-mal-sim-quem-afirma-e-a-medicina/.

    Grande abraço.

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  7. Nenhum usuário de drogas consome drogas com outra intenção além do prazer próprio.
    Todo consumo de entorpecente é delicado, e como diz o texto, comportamento extremo narcisista.
    O ponto chave está na conscientização, e isso se da no lar com apoio da sociedade de bem.
    A meu ver, o consumo de drogas deveria ser, no mínimo, tratado com serviço voluntário, reincidência, "cana".
    Vamos "apinhar" os presídios?! bom um problema de cada vez.

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  8. Bem, esta questão é muito complicada para um simples concordo ou discordo. Relacionar a questão da utilização de entorpecentes a criminalidade violenta que assola nossa sociedade é de um reducionismo tremendo. Vivemos numa sociedade capitalista, onde a ideologia dominante prega o individualismo e o consumismo de bens materiais como a única forma de "felicidade", ou seja, se você não é capaz de consumir aquele tenis, aquela marca, aquele carro, você é um incapaz e é o principal responsável pelo seu fracasso. Isto faz com que muitos brasileiros desprovidos economicamente, ou seja, os "marginalizados" literalmente, mas que fazem parte de nossa sociedade capitalista, sintam-se tentados a serem "alguem", e a única forma que conseguem para se "incluir" é o consumo violênto, que resulta num latrocínio por causa de um tênis, mas não é somente um tenis de marca, é a realização pessoal imposta pela sociedade capitalista que diz que se você não consumir você é um infeliz, um fracassado. Vejam nossas propagandas, nossas novelas, elas nos deixam deprimidos por não conseguirmos aqueles bens que nos tornariam "um incluído".
    A questão da criminalidade passa por uma discussão que vai além, por exemplo, vai à questão da desmilitarização da PM, a unificação da Polícias. Como o Brasil quer resolver estas questões se temos um Estado inchado do pondo de vista da Segurânça pública, senão vejamos, temos as Polícias militares que contam com seus postos e graduações, onde o "baixo clero", ou seja, os praças são a força bruta da instituição, Porque não restruturamos as PM nos moldes de nossas bem sucedidas PF e PRF? Estra reestruturação permitiria uma política salarial que colocasse o profissional numa posição economicamente satisfatória e não precisasse recorrer aos "arregos", aos subornos e aos bicos ilegais e associação ao crime organizado. Porque temos que manter todo este aparato: PM, PRF, PF, Guarda civil municipal, guarda ferroviária, Polícia Civil, Polícia militar rodoviária, Corpos de bombeiros militares, guarda patrimonial, guarda de segurança nacional etc..., temos hoje em São Paulo mais de 400 mil seguranças privados, temos um dos maiores mercados de helicóperos e carros blindados do mundo, temos um dos mercados mais promissores do mundo em termo de seguradoras de carros, domicílios etc..., a verdade é somente uma, a insegurança, o medo, a guerra civil pela quel estamos passando dá lucro, ela interessa a vários seguimentos, a policiais corruptos, a políticos corrúptos, a empresários corrúptos, enfim, a questão da violência vai muito além da descriminalização da maconha, vai muito além do desarmamento. Devemos pensar o problema partindo do macro, aumentando as vigilâncias nas fronteiras, nor portos e aeroportos, impedindo que as drogas e as armas ilegais entrem no país. Utilizando uma metáfora, quando temos um vazamento d'agua em nossa casa, o que fazemos primeiro? Tentamos concertá-lo imediatamente ou primeiramente fechamos o registro? Desmilitarização das PM, unificação das PM, restruturação das PM com no máximo quatro postos, a saber: Agente, superintendente, SUpervisor e chefia, com a mesma folha de pagamento daria para redistribuição dos salários e o aumento significativo da moral da tropa, isto certamente esbarra nos cortes dos privilégios dos cargos dos oficiais superiores que são quem honeram as folhas de pagamento. Uma carreira meritocrática, cuja assenção se daria por concurso e não por promoções por "mrecimento". Unificação das polícias num centro de treinamento e formação únicos, como uma guarda nacional. A questão não é " se pune ou não o usuário", a questão é esta política de segurança pública que está posta, que é excepcionalmente explicitada no filme Tropa de Elite 1 e 2, ela está funcionando?
    Pensemos um pouco...

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  9. Caro Anônimo, concordo em grande parte com você. Contudo, creditar a uma suposta sociedade e ao estilo capitalista a justificativa para o crime violência é uma noção que tenta retirar do indivíduo a culpa por suas ações criminosas intencionais. Todo indivíduo de boa índole sabe o limite de suas possibilidades financeiras e sabe que seus desejos de consumo serão contemplados em razão do trabalho honesto. Assim, discordo da ideia de se justificar a culpa de um criminoso por um roubo ou assassinato simplesmente porque ele deseja um item que não pode ter (seja qual for a razão). Aceitar essa ideia seria implantar o caos social.

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    1. Caro Humberto, concordo com você, mas igualmente com ressalvas. Quando você se refere a "indivíduos de boa índole que sabe de suas possiblidades financeiras", você está se referindo a parcela incluída do Sistema, com uma estrutura familiar, com um mínimo de instrução, com recursos mínimos que lhe possibilite a sobrevivência e a realização básica de seus sonhos; eu ao contrário estou me referindo aos mais de 30 milhões de brasileiros que ainda vivem abaixo da linha da miséria, que são considerados "indigentes", que não tem a mínima possibilidade de sobrevivência neste sistema que está dado. Estou falando daqueles que nao possuem o direito humano basilar, qual seja, o direito humano a uma alimentação diária satisfatória que garanta sua sobrevivência, estou falando daqueles marginalizados pelo sistema, que formam o que Marx chamou de "Exército industrial de reserva" necessário para a sobrevivência do Sistema Capitalista, que na sua essência não comporta a inclusão de todos, pois se nutre da existência desta reserva de mão de obra barata, dos insuficientemente educados, dos que se tornam inocentes úteis nas mãos daqueles que possuem um pouco mais de conhecimento. A verdade é uma só, onde vemos um caos instalado, como você disse, o capitalista vê a possibilidade de lucro, com câmeras de segurança, com blindagem dos carros, com esquemas de segurança privada etc. Ou seja, a insegurança pública se tornou numa grande mercadoria, onde a disseminação do medo e do terror são as propagandas. Com certeza, o indivíduo minimamente incluído tem discernimento para fazer uso de sua ética para decidir sobre o certo e o errado, mas há aqueles que o estômago vazio não permitiu nem um desenvolvimento sadio de seu organismo, que atroficou seu cérebro (Que é o caso de diversos assassinos psicopatas), que não desenvolveu seus sentidos e que infelismente, neste mundo onde o "ter" é estimulado como sinônimo de felicidade e de realização pessoal, como status e que o seu contrário é sinônimo de fracasso, de degadração; neste mundo meu caro, fica difícil controlar a "fera invernizada" de que nos fala Thomas Hobbes, e estamos retornando ao seu "Estado de Natureza", onde ele diz que "o homem é o lobo do próprio homem". Um abraço. Jefferson

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  10. Caro anônimo vivo numa sociedade capitalista, mas, não uso drogas e tenho Deus no coração. Dizer que o capitalismo é culpado por isso tudo, é um absurdo e ninguém precisa de muito para ser feliz, isto é um ilusão que só os fracos acreditam; pois, tudo sem Deus é nada, e nada com Deus é tudo. Está faltando os pais educar seus filhos com disciplina e limites, O que está faltando e moral, limites e Deus para essa juventude.

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  11. Matéria extraordinária...
    Humberto sempre abordando assuntos de extrema importância, colocando em pauta e respondendo sem tentar manter seu argumento como o mais válido, e deixando que todos expressem suas opiniões..
    Concordo em partes com toda a matéria e também adoro os comentários, onde vemos opiniões de pessoas desconhecidas ou conhecidas por nome, dialogando sobre o assunto em questão, mostrando que este país evoluiu por que aprendemos a debater democraticamente.. Parabéns para todos....
    Agora quero deixar meu relato.
    Fui usuário de Maconha por 15 longos Anos, da mesma forma que fui usuário de Cigarro, droga esta que é liberada.
    Enfim quando fazia uso de maconha, sempre pensava que estava me sentindo bem, quando na verdade agora que estou bem!!! Então sempre ia na "boca de fumo" buscar meu produto para uso, via garotada nova envolvida no tráfico e ficava me sentido culpado por isto, por que o meu consumo estava ajudando aquelas garotada a ficar ali, ao invés de fazer um curso para melhorar suas vidas, também pensava que eles estavam ali por que queriam... Engano, na verdade eu estava á colaborar para que ali eles ficassem e se continuasse usuário eles ali ficariam cada vez mais..
    Minha esposa ficou gravida do meu primeiro e único filho. Fumava um dia depois de saber a noticia e pensei..Vou ser pai e quero dar exemplo para meu filho, (preciso dizer que não recebi orientação nenhuma de meu pai, ele tem outra família e tal, então já sabem o final......) cara não posso continuar a alimentar este exercito de drogas, que moral vou ter para dar exemplo ao meu filho, como vou dizer para ele não usar se usei durante 15 anos e continuo a usar....Não posso fazer isto, na verdade não quero que meu filho use nada, nem as proibidas e muito menos as liberadas...decidi que não usaria mais e faria o contrário, lutaria para que meu filho não crescesse em um mundo de drogas, roubos, furtos, entre outros delitos para que alguém fique satisfeito com a "viagem".
    Sou adulto e devo agir assim, dando exemplo para meu filho, tentando melhorar o mundo onde eu vivo e onde ele vai viver..
    Decidi estudar para o concurso da PF e isto estou a fazer, de forma que consiga ser uma pequena parcela deste enorme universo que tenta de alguma forma melhorar o mundo onde todos nós vivemos.
    Depois da minha atitude, consegui convencer muitos de meus amigos usuários a deixar a maconha, e outros estou em um processo de mostrar o quanto minha vida melhorou e o quanto podemos melhorar o mundo onde vivemos, o quanto outras situações, esportes radicais, passeios com a família podem nos trazer aquela sensação de "viagem".
    Acredito que este país pode melhorar.
    Acredito que sim, que pessoas treinadas com boa cabeça, possam andar armados de modo a evitar um assalto, uma morte.
    Abraços.

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  12. Caro Moura, agradeço sua mensagem e fico contente com sua participação e seu testemunho. Forte abraço e sucesso.

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  13. Ouve-se muito aquele discursinho ingênuo e batido de que a causa da criminalidade é a falta de escolas, de oportunidades, desigualdade, miséria, etc. Acontece que em todos os países do mundo há traficantes , assaltantes e outros criminosos, mesmo nos países mais ricos, onde há boas escolas para todos, oportunidades e bons salários. A verdade é que o criminoso escolhe esta vida porque tem indole ruim, nao gosta de trabalhar e gosta de fazer o mal aos outros.

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  14. Senhores, recomendo a leitura do livro Red Cocaine do autor D. Douglass, é muito esclarecedor e mostra como a expansão da droga foi uma forma de desmoralização da sociedade como um todo, após a leitura conclusões mais incisivas podem ser tiradas

    abraço a todos

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