Matar ou morrer? A resposta para essa
pergunta parece óbvia, principalmente quando NÃO é preciso decidir e agir REALMENTE.
Por isso, a maioria das pessoas, inclusive
policiais, considera que na luta pela sobrevivência matar alguém seja simples
demais. Mas ao avaliar a situação de um amigo próximo, que precisou matar para
não morrer, ficou claro que essa decisão não foi das mais fáceis.
De fato, para quem vive no submundo
criminoso, matar é algo banal, pois se trata apenas de um capricho momentâneo e
de um pouco mais de pressão no gatilho da arma. E apesar de integrarem a
espécie humana, criminosos talvez façam parte de um grupo separado, quase uma
“subespécie”.
Mas é preciso tratar do ser humano normal.
Para ele, desde cedo e a todo instante, vozes internas dizem o que fazer ou não
fazer, o que é certo ou errado. Elas o guiam em direção à convivência saudável
e à paz de espírito. Entretanto, existem circunstâncias nas quais não há
opções. Nelas, o homem normal precisa sobrepujar sua resistência natural em
matar alguém da própria espécie para ser capaz de existir mais um dia. As rotas
de escape simplesmente desaparecem quando um delinquente aponta uma arma para
você ou para alguém que ama.
Muitas religiões, se não todas, propõem que
homens e mulheres vivam pacificamente. Mesmo assim, elas conseguem homenagear
seus heróis, seus guerreiros e suas vitórias. No mundo caótico em que viveram,
esses heróis existiram como protetores divinos, como agentes do bem sobre o
mal. Certamente, eles não estavam comprometidos com o louvor, a cura, a alegria
e o amor, mas possuíam lanças, espadas e adagas para seguir adiante.
Apesar de os Dez Mandamentos proibirem o
assassinato, não se proibiu a autodefesa ou o cumprimento do dever,
principalmente na salvaguarda de vidas inocentes. A ideia do perdão e o
mandamento “de oferecer a outra face”, conforme narram os evangelhos de Mateus
e Lucas, possuem caráter moral PESSOAL.
Porém, quando alguém age em nome de outra pessoa, não existe autoridade moral
para perdoar em seu nome ou para permitir que o mal se sobressaia em razão da
tolerância. A resistência pacífica não é viável quando alguém está tentando
matar um policial.
Como a polícia representa todos os
cidadãos, seu distintivo, arma, corpo e espírito estão a serviço deles. Permitir
uma agressão ao policial é permitir uma agressão ao cidadão. Para honrar seu
compromisso e continuar seu trabalho, o policial precisa e DEVE sobreviver. Quando ele se defende, ele também defende milhares
de pessoas inocentes.
No Livro dos Espíritos de Allan Kardec, no
capítulo VI - Da Lei de Destruição, a questão do assassinato é tratada da
seguinte forma:
"É
sempre do mesmo grau a culpabilidade em todos os casos de assassínio? 'Já o
temos dito: Deus é justo, julga mais pela intenção do que pelo fato."
"Em
caso de legítima defesa, escusa Deus o assassínio? 'Só a necessidade o pode
escusar. Mas, desde que o agredido possa preservar sua vida, sem atentar contra
a de seu agressor, deve fazê-lo."
"Tem
o homem culpa dos assassínios que pratica durante a guerra? 'Não, quando
constrangido pela força; mas é culpado das crueldades que cometa, sendo-lhe
também levado em conta o sentimento de humanidade com que proceda.'"
Aqui, a questão crucial é a intenção
assassina e do abuso da capacidade de matar. Por outro lado, se o policial está
agindo apropriadamente dentro dos limites estabelecidos, inclusive pelas leis
humanas, então ele está realizando um trabalho nobre e necessário para preservar
aquilo que é mais importante no momento: sua própria vida e a vida de
terceiros. A lei divina e a do homem não impedem a resistência à agressão
injusta, muito menos proíbe que se lute contra o mal.
Infelizmente, apesar de as guerras e a
morte serem temas comuns nas escrituras, não existe uma prescrição específica
para lidar com a morte provocada por nossas próprias mãos em termos do nosso
estado emocional, mental, físico e espiritual. Pode haver remorso, ódio, culpa,
alegria ou um vazio interior onde se espera algum sentimento. Todas essas
reações são normais e aceitáveis, e acredita-se que podem ser assimiladas com o
passar do tempo.
As reações ao ato de matar alguém não
precisam ser completamente formadas e compreendidas antes que o gatilho seja
pressionado, já que, de qualquer modo, as pessoas normais sentem alguma
tristeza em relação à morte alheia. Contudo, na luta pela sobrevivência contra
um criminoso, estar agradecido porque o sujeito morreu e você ainda está vivo
não é moralmente errado.
Como a morte de um ser humano por outro é
impensável para a maioria das pessoas, e para muitos policiais também, um
policial que é obrigado a matar carrega o fardo dessa ansiedade coletiva.
Assim, não há como imaginar que a morte, mesmo de um bandido, vá agradar a
todos.
O sentimento por ter causado a morte de
outra pessoa não é algo que se extingue com o arquivamento do processo
criminal. Você sente o que sente. E faz o que tem que fazer. Portanto, respire
fundo, tire uma licença e tente dormir um pouco. SE VOCÊ SOBREVIVEU, É PORQUE FEZ A COISA CERTA.
Sensacional Humberto ! Como sempre um texto para motivar os meus estudos ! Sucesso e muita proteção !!! FORÇA E HONRA !!!
ResponderExcluirExcelente artigo, mais uma vez!
ResponderExcluirHumberto, soou bastante intimista isso, especialmente a parte final.
ResponderExcluirVocê mesmo já deve ter ouvido falar muitas vezes (como já ouvi, na época da PM):
- "Você já matou alguém?"
O policial precisa ter o compromisso de matar. Ou seja, em uma situação em que ele deva se defender ou defender inocentes (como sua equipe), ele não pode hesitar em puxar o gatilho. Certamente deve passar muita coisa na cabeça nessa hora: religião, responder a processo, família, etc, etc.
Mas é a realidade.
Me lembro de ter conversado com um aspirante a pf, de religião espírita e dito pra ele:
Não esqueça que pode chegar um momento que vc pode se ver obrigado a tirar a vida de alguém.
Finalmente, acho que homicídio contra policiais e servidores e membros do judiciário deveriam ter a pena dobrada, caso relacionado ao exercício das funções.
Forte abraço e aguardo postagens com mais regularidade :-D
Eu acredito que se o policial matou um criminoso em legitima defesa está agindo como um instrumento da justiça divina. Ele não está tirando a vida de uma pessoa inocente, mas sim de um individuo que já praticou o mal para outras pessoas e só está colhendo aquilo que plantou.
ResponderExcluirMaravilhoso texto e interpretação Humberto!
ResponderExcluirO comentário deixado pelo Anônimo me remeteu a um outro texto em um outro blog que sigo: http://licoesdosespiritos.blogspot.com.br/2011/01/lei-de-taliao.html
Força e Fé!
Já dizia o apóstolo São Paulo em sua carta aos Romanos 13. 1-3 : Toda alma esteja sujeita às autoridades; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus .
ResponderExcluirPor isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação .
Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade ? Faze o bem e terás louvor dela .
Em correspondência a autoridade policial a nós delegada, também proferiu o filho de Deus perante Pôncio Pilatos no evangelho de São João 19. 10-11a : disse-lhe Pilatos : não falas comigo ? Não sabes tu que tenho poder para te crucificar e poder para te soltar ?
Respondeu Jesus : Nenhum poder terias contra mim, se de cima (de Deus) não fosse dado a ti.
Daí está mais que comprovado ser autoridade exercida no mundo dos viventes delegada pelo Eterno Soberano Celestial; portanto, não tenhamos pois receio em executar nosso papel, dentro da devida legalidade e resistência à injusta agressão, contra a epidemia criminosa que assola nosso país .
Meus agradecimentos ao moderador do blog pela inestimável aula de auto defesa e etiqueta policial que nos presta .
Um amigo indicou o blog e realmente é muito bom. Tanto o conteúdo quanto a didática da escrita.
ResponderExcluirAcabei de comprar o livro! Aguardando...
Boa Tarde Humberto ,
ResponderExcluirNa Bíblia está escrito sim , quanto a atividade policial, mas não somente
policial mas sim quanto ao ato de matar em legitima defesa.
Se o ladrão for achado roubando, e for ferido, e morrer, o que o feriu não será culpado do sangue.
Êxodo 22:2
Espero ter ajudado , admiro o trabalho dos policiais e creio nesta palavra,
pq deus irá julgar a todos conforme a sua obra , e se isso foi o mais correto
a fazer para salvar a vida de alguém , essa foi uma boa obra.
Abraços
Ninguem fala dos Quadrilheiros, salteadores e assassinos de Brasilia vivemos no Pais da hipocrisia.
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