O personagem Murtaugh, do filme Máquina Mortífera, costumava dizer: I am too old for this shit. E eu preciso dizer para ele: I am too old for this shit, too.
Dizem que a sabedoria está no equilíbrio. Mas o que fazer quando a sabedoria e o equilíbrio parecem impossíveis? Quanto tempo o cérebro humano suportará tamanho esforço para filtrar o que é útil na vastidão de pensamentos que navegam na internet e reverberam em crânios ocos?
Talvez o leitor tenha a mesma impressão: parece que parte da espécie humana está estagnada na mais pura superficialidade de pensamentos, propósitos e ações. E parece que eles estão dominando o planeta dia após dia.
Se para cada pensamento raso for preciso uma correção, os poucos homens e mulheres sensatos do mundo não darão conta da demanda.
Recentemente, um jornal publicou a matéria “Arma do Exército é liberada para policiais fora de serviço no país.” Então é importante esclarecer alguns pontos antes que alguém escreva outra m... E isso começa pelo título.
A liberação não se refere à arma utilizada pelo Exército, mas ao calibre de pistola que as Forças Armadas usam. Trata-se do calibre 9 mm, especificamente o 9 X 19 mm Parabellum, também conhecido como 9 mm Luger ou 9 mm NATO. NATO significa Organização do Tratado do Atlântico Norte, entidade que congrega 29 países. Isso quer dizer que o calibre 9 mm Luger não é uma exclusividade das Forças Armadas nacionais, mas o cartucho mais popular e amplamente utilizado em pistolas e submetralhadoras no mundo.
Policiais integram as carreiras típicas de Estado. Isso implica na dedicação integral e exclusiva ao serviço público, o que exclui a noção de que o policial fora da jornada regulamentar de trabalho não tenha o dever de zelar pelo interesse público. Portanto não importa se o policial está de “folga”, já que seu compromisso não se encerra com o simples toque no relógio de ponto. Supor que o policial “fora de serviço” deva ser privado das mesmas ferramentas que ele utiliza no efetivo trabalho é uma ideia contrária à razão.
Com o devido respeito, o comando do Exército não fez mais que sua obrigação. O policial brasileiro é o único profissional que precisa esconder sua identidade, seu uniforme e seu endereço se quiser sobreviver. A polícia é a instituição mais vitimada no Brasil (a única que perde funcionários todos os dias) e a privação do uso de um calibre mais apropriado para a defesa é uma condenação injustificável.
E a verdade precisa ser dita: quando as coisas saem do controle, apenas os verdadeiros policiais correm em direção ao perigo. A maioria das pessoas se joga no chão, corre, se esconde, fecha os olhos, chora, treme e reza. Depois de implorarem a Deus, essas pessoas procuram a polícia. Então porque impedir que eles portem as armas “mais letais do mundo”. Afinal quem vai estar diante da mira dessas armas são ladrões, homicidas, traficantes, torturadores e estupradores. E o policial inteligente só vai disparar se os criminosos resistirem violentamente à tentativa de prisão. Além disso, só um idiota entraria numa guerra sabendo que vai perder.
A parte triste é que o policial terá que comprar a arma. O correto seria o policial receber o equipamento sem custo algum, principalmente quando se compara o salário de um policial com as demais carreiras de Estado.
O debate sobre o calibre mais eficaz sempre existiu e isso não vai mudar. Porém é provável que essas entidades tenham concluído que o calibre 9 mm continua sendo o mais adequado para a defesa do policial em qualquer ocasião.
Talvez essa liberação tenha sido o resultado dos inúmeros casos de policiais feridos ou mortos por disparos acidentais ocorridos com pistolas no calibre .40 S&W. Com tantos acidentes, desconfianças e insatisfações, as polícias poderiam forçar a abertura do mercado nacional para as empresas bélicas estrangeiras. Se o leitor acompanha as notícias, sabe o que eu quero dizer.
Até onde se sabe, o controle externo da atividade policial é função privativa do Ministério Público. Já o controle interno é uma responsabilidade da corregedoria. Nem um nem outro foi mencionado no artigo.
Apesar da sua importância, as ouvidorias de polícia não possuem atribuições que se relacionem com questões técnicas, nas quais estão incluídas as armas e as munições.
Para uma organização policial comprometida com a excelência na prestação dos seus serviços, a letalidade só aumentará se o criminoso resistir e colocar em risco a vida do policial. Se o criminoso for complacente e inteligente, além de vivo, ficará preso pouco tempo.
De qualquer modo, o bom senso patriótico sugeriria uma preocupação com o elevado número de policiais assassinados e não com a possibilidade do aumento da taxa de criminosos mortos.
Felizmente, os policiais sempre foram autorizados a comprar pistolas no calibre 9 mm Luger e revólveres .357 Magnum, inclusive para proteção particular.
O único ERRO QUE AINDA PERSISTE é o peso do projétil: Gold HEX Tactical EXPO +P+ com projétil de 115 grains (7,45 g). Em 1987, o FBI REPROVOU munição semelhante: a Winchester Silvertip 9 mm Parabellum com projétil de 115 grains, por ocasião do episódio que ficou conhecido como o Tiroteio de Miami.
Esse é um erro que não se justifica, já que CBC também produz uma munição 9 mm com projétil pesando 147 grains (9,52 g): Magtech/CBC 9 mm Luger 147 grains Bonded Jacketed Hollow Point.
É mais cara? Provavelmente. Mas se pode salvar a vida de um único policial, que seja.
Talvez o leitor tenha a mesma impressão: parece que parte da espécie humana está estagnada na mais pura superficialidade de pensamentos, propósitos e ações. E parece que eles estão dominando o planeta dia após dia.
Se para cada pensamento raso for preciso uma correção, os poucos homens e mulheres sensatos do mundo não darão conta da demanda.
Recentemente, um jornal publicou a matéria “Arma do Exército é liberada para policiais fora de serviço no país.” Então é importante esclarecer alguns pontos antes que alguém escreva outra m... E isso começa pelo título.
"Arma do Exército é liberada para policiais fora de serviço no país"
A liberação não se refere à arma utilizada pelo Exército, mas ao calibre de pistola que as Forças Armadas usam. Trata-se do calibre 9 mm, especificamente o 9 X 19 mm Parabellum, também conhecido como 9 mm Luger ou 9 mm NATO. NATO significa Organização do Tratado do Atlântico Norte, entidade que congrega 29 países. Isso quer dizer que o calibre 9 mm Luger não é uma exclusividade das Forças Armadas nacionais, mas o cartucho mais popular e amplamente utilizado em pistolas e submetralhadoras no mundo.
Policiais integram as carreiras típicas de Estado. Isso implica na dedicação integral e exclusiva ao serviço público, o que exclui a noção de que o policial fora da jornada regulamentar de trabalho não tenha o dever de zelar pelo interesse público. Portanto não importa se o policial está de “folga”, já que seu compromisso não se encerra com o simples toque no relógio de ponto. Supor que o policial “fora de serviço” deva ser privado das mesmas ferramentas que ele utiliza no efetivo trabalho é uma ideia contrária à razão.
"O comando do Exército autorizou policiais civis e militares do país inteiro a comprarem pistola calibre 9 mm, usada pelas Forças Armadas e considerada uma das armas curtas mais letais do mundo."
Com o devido respeito, o comando do Exército não fez mais que sua obrigação. O policial brasileiro é o único profissional que precisa esconder sua identidade, seu uniforme e seu endereço se quiser sobreviver. A polícia é a instituição mais vitimada no Brasil (a única que perde funcionários todos os dias) e a privação do uso de um calibre mais apropriado para a defesa é uma condenação injustificável.
E a verdade precisa ser dita: quando as coisas saem do controle, apenas os verdadeiros policiais correm em direção ao perigo. A maioria das pessoas se joga no chão, corre, se esconde, fecha os olhos, chora, treme e reza. Depois de implorarem a Deus, essas pessoas procuram a polícia. Então porque impedir que eles portem as armas “mais letais do mundo”. Afinal quem vai estar diante da mira dessas armas são ladrões, homicidas, traficantes, torturadores e estupradores. E o policial inteligente só vai disparar se os criminosos resistirem violentamente à tentativa de prisão. Além disso, só um idiota entraria numa guerra sabendo que vai perder.
A parte triste é que o policial terá que comprar a arma. O correto seria o policial receber o equipamento sem custo algum, principalmente quando se compara o salário de um policial com as demais carreiras de Estado.
"A liberação para uso particular atende, segundo o Exército, à solicitação de entidades ligadas às polícias."
O debate sobre o calibre mais eficaz sempre existiu e isso não vai mudar. Porém é provável que essas entidades tenham concluído que o calibre 9 mm continua sendo o mais adequado para a defesa do policial em qualquer ocasião.
Talvez essa liberação tenha sido o resultado dos inúmeros casos de policiais feridos ou mortos por disparos acidentais ocorridos com pistolas no calibre .40 S&W. Com tantos acidentes, desconfianças e insatisfações, as polícias poderiam forçar a abertura do mercado nacional para as empresas bélicas estrangeiras. Se o leitor acompanha as notícias, sabe o que eu quero dizer.
"Essa autorização é vista com preocupação por órgãos de fiscalização como a Ouvidoria da Polícia do Estado de – que teme a elevação da letalidade policial."
Até onde se sabe, o controle externo da atividade policial é função privativa do Ministério Público. Já o controle interno é uma responsabilidade da corregedoria. Nem um nem outro foi mencionado no artigo.
Apesar da sua importância, as ouvidorias de polícia não possuem atribuições que se relacionem com questões técnicas, nas quais estão incluídas as armas e as munições.
Para uma organização policial comprometida com a excelência na prestação dos seus serviços, a letalidade só aumentará se o criminoso resistir e colocar em risco a vida do policial. Se o criminoso for complacente e inteligente, além de vivo, ficará preso pouco tempo.
De qualquer modo, o bom senso patriótico sugeriria uma preocupação com o elevado número de policiais assassinados e não com a possibilidade do aumento da taxa de criminosos mortos.
"As polícias militares, a Rodoviária Federal e a PF já eram autorizadas a comprar 9 mm para suas tropas, mas não para fins particulares – o que mudou com a nova norma."
Felizmente, os policiais sempre foram autorizados a comprar pistolas no calibre 9 mm Luger e revólveres .357 Magnum, inclusive para proteção particular.
O único ERRO QUE AINDA PERSISTE é o peso do projétil: Gold HEX Tactical EXPO +P+ com projétil de 115 grains (7,45 g). Em 1987, o FBI REPROVOU munição semelhante: a Winchester Silvertip 9 mm Parabellum com projétil de 115 grains, por ocasião do episódio que ficou conhecido como o Tiroteio de Miami.
Esse é um erro que não se justifica, já que CBC também produz uma munição 9 mm com projétil pesando 147 grains (9,52 g): Magtech/CBC 9 mm Luger 147 grains Bonded Jacketed Hollow Point.
É mais cara? Provavelmente. Mas se pode salvar a vida de um único policial, que seja.
"Para uso pessoal, policiais já podiam comprar pistolas como .380, .40 e até .45, mas nenhuma delas tida por especialistas como tão letal (transfixante) quanto a 9 mm."
A palavra “especialista” dá arrepios, o que o leitor irá confirmar em breve.
Por ora é preciso esclarecer que a transfixação ou superpenetração é capacidade de um projétil atravessar o alvo de lado a lado. Quer dizer, entrar e sair. Quando isso ocorre o projétil continua sua trajetória carregando parte da energia que deveria ter deixado no alvo. Desse modo um projétil que transfixe o agressor não é a melhor opção em se tratando de munição de defesa.
De modo geral, projéteis que podem transfixar o alvo são aqueles desenhados para não expandirem (os ogivais) ou que, apesar de configurados para expandirem, não o fazem por motivos que o atirador não pode controlar (alvo vestindo muitas camadas de roupas; projétil que atravessa um obstáculo antes de atingir o alvo, etc.).
As munições de armas de fogo são desenvolvidas para penetrar o alvo, expandindo ou não, e deixando nele toda a sua energia. Assim é possível que o autor ou os especialistas tenham confundido a palavra transfixação com penetração (a distância percorrida pelo projétil ainda dentro do corpo atingido; o tecido humano pelo qual passa o projétil, e no qual ocorre a destruição).
Mesmo assim a “letalidade” de um calibre não está relacionada UNICAMENTE com a sua capacidade de penetração. Ponto de impacto, cavidade permanente, cavidade temporária, fragmentação, ângulo de incidência, velocidade do projétil, distância do atirador, situação psicológica do alvo (raiva, medo, uso de drogas) e condição tática do policial são alguns dos fatores relacionados a essa “letalidade”.
Mas letal é aquilo que produz a morte. E esse não é o objetivo do policial. O que ele procura quando dispara sua arma é a incapacitação imediata do agressor.
Essa incapacitação é definida como a repentina inabilidade física ou mental para oferecer qualquer risco (adicional ou não) à integridade física ou à vida das pessoas, inclusive a do próprio policial. A morte do agressor pode ocorrer como consequência do esforço necessário para se alcançar a incapacitação do criminoso.
Portanto, o conceito da incapacitação imediata é o único princípio que deve orientar as decisões sobre armas, munições, calibres e treinamento policial.
De acordo com FBI, um projétil deve penetrar o suficiente para atingir órgãos vitais em qualquer ângulo de incidência em relação ao agressor. Por exemplo, um disparo lateral através de um braço deve penetrar, pelo menos, de 10 a 12 polegadas (25 a 30 cm) para atingir o coração. Assim, a penetração deve ser profunda o suficiente para alcançar órgãos vitais, e a cavidade permanente deve ser larga o bastante para aumentar a destruição de tecido humano causando a hemorragia.
"Com essa arma em mãos, o policial poderá, em tese, matar o oponente com um único disparo em área vital."
Todo disparo em área vital pode matar o oponente. Isso serve para qualquer calibre cujo projétil atinja e destrua o Sistema Nervoso Central. Obviamente, isso não significa que as polícias devam escolher, por exemplo, o calibre .22 e treinar para acertar a cabeça do agressor. A realidade dos tiroteios proíbe a aplicação desses procedimentos.
A morte também pode ocorrer com um único disparo no coração, mas ela pode não ser instantânea. Mesmo um único disparo em área não vital, como a perna, que acerte um dos vasos femorais pode causar a morte.
Na verdade todo o corpo humano representa uma área de perigo para qualquer tipo de ferimento provocado por armas de fogo ou facas: pescoço, pulmões, estômago, fígado, rins, intestinos, grandes vasos sanguíneos e assim por diante.
"Quando vai realizar um disparo, a ideia é que uma só vez seja o suficiente. Com uma 380, com um 38 ou um 32, pode ser que o cara tome o tiro e ainda continue avançando para cima de você. A probabilidade de ele parar no primeiro disparo com uma pistola 9 mm é quase de 100%", afirma o tenente-coronel da reserva .
As pesquisas sobre o poder de incapacitação imediata existem há séculos. Listo algumas:
1) Os estudos de Emil Theodor Kocher.
2) A Guerra Filipino-Americana.
3) Neville Sneyd-Bertie-Clay e os arsenais de Dum Dum e Woolwich.
4) A Comissão Thompson e LaGarde.
5) Julian Sommerville Hatcher (Poder de Parada Relativo).
6) A pesquisa de Frank T. Chamberlin (Reação Hidráulica).
7) A teoria do Índice Relativo de Incapacitação.
8) Os estudos do Dr. Douglas Lindsey.
9) Os estudos do Dr. Vincent Di Maio.
10) Os estudos de Stanley Goddard.
11) Os dados de Marshall e Sanow (“a cascata” do Poder de Parada).
12) As pesquisas do Dr. Martin L. Fackler (Perfil de lesão).
13) Richard Fairburn.
14) O experimento de Suneson e Hansson.
15) Os testes da Marinha Americana (9mm Ammo Tests).
16) O seminário sobre ferimentos balísticos do FBI.
2) A Guerra Filipino-Americana.
3) Neville Sneyd-Bertie-Clay e os arsenais de Dum Dum e Woolwich.
4) A Comissão Thompson e LaGarde.
5) Julian Sommerville Hatcher (Poder de Parada Relativo).
6) A pesquisa de Frank T. Chamberlin (Reação Hidráulica).
7) A teoria do Índice Relativo de Incapacitação.
8) Os estudos do Dr. Douglas Lindsey.
9) Os estudos do Dr. Vincent Di Maio.
10) Os estudos de Stanley Goddard.
11) Os dados de Marshall e Sanow (“a cascata” do Poder de Parada).
12) As pesquisas do Dr. Martin L. Fackler (Perfil de lesão).
13) Richard Fairburn.
14) O experimento de Suneson e Hansson.
15) Os testes da Marinha Americana (9mm Ammo Tests).
16) O seminário sobre ferimentos balísticos do FBI.
Em 1987, o FBI informou o seguinte sobre o tema:
“Não é possível obter com eficácia a incapacitação de um agressor, a menos que o projétil de arma de fogo atinja o sistema nervoso central. Essa incapacitação imediata depende, muitas vezes, do estado físico, mental e emocional do agressor atingido, o que pode ser influenciado pelo uso de substâncias entorpecentes e alcoólicas ou pela presença de hormônios no sangue, tais como a adrenalina. Por exemplo, mesmo que o coração seja completamente destruído por um projétil, o cérebro ainda terá oxigênio suficiente para proporcionar ao agressor uma ação espontânea por cerca de 10 a 15 segundos.”
“Se o fluxo de sangue até o cérebro não for interrompido totalmente, uma pessoa ainda pode continuar a agressão até perder aproximadamente 25% de sangue, o que pode acontecer rápida ou lentamente de acordo com a reação ao trauma.”
Portanto, é desejável que o policial adquira um plano funerário se acreditar na probabilidade atestada pelo especialista.“É essencial para a obtenção do fenômeno da incapacitação imediata: que o conjunto arma/munição seja preciso e eficiente; que seja empregado o tipo (configuração) correto de munição; que seja atingido um local efetivo no corpo do oponente (centro do tórax); QUE SEJAM EFETUADOS MÚLTIPLOS DISPAROS NAS ZONAS ATINGIDAS.”
"O oficial, especialista em armamentos, diz que o fato de essa pistola ser mais perfurante em comparação com uma de calibre .40, por exemplo, não significa que a população será colocada em uma situação ampliada de risco."
"O ouvidor disse concordar com o uso de armas por policiais nos horários de folga, mas não com o calibre tão potente. 'Não precisavam liberar uma arma capaz de matar duas, três pessoas de uma vez só.' Para ele, uma alternativa poderia ser inclusive a difusão de armas não letais."
Agora o leitor compreendeu a razão do arrepio quando a palavra “especialista” é mencionada?
Eu entendi o que o autor quis dizer, mas não custa informar corretamente. Nenhuma arma de fogo tem o potencial para perfurar o alvo. O que perfura é o projétil.
Mais uma vez os dados do FBI indicam que os policiais americanos acertam apenas 20% a 30% dos disparos contra o agressor. Dada a realidade de que a colocação do tiro é fundamental, mas difícil de alcançar num tiroteio (em razão das variáveis existentes), o calibre utilizado deve aumentar a chance de atingir órgãos importantes. Isso exige que o projétil que acerte o alvo tenha a chance de penetrar o suficiente para atingir esses órgãos.
Dessa maneira, a preocupação de que um projétil possa transfixar o alvo e acertar um inocente é um exagero leigo, pois qualquer análise dos confrontos com a polícia vai demonstrar que a maioria dos tiros efetuados pelos policiais erra o alvo. Assim, são os tiros que eles erram que deveriam ser motivo de inquietação. Uma inquietação no sentido de melhorar o equipamento, o comportamento e o treinamento policial, mas nunca a proposição do uso de armas menos letais para lidar com criminosos com armas de fogo.
Sugerir que os policiais só devam utilizar armas de calibres ineficazes significa reforçar ainda mais o perigo de morte dos policiais. É mais provável que um policial morra por causa de um comportamento tático ruim, uma arma ruim ou uma munição ruim. Mas é improvável que isso ocorra porque o projétil que ele usa é “letal”.
"Para o ouvidor da polícia, essa liberação é equivocada e pode provocar mais mortes de pessoas pelos policiais. 'Onde se deveria dificultar, estão, na verdade, facilitando. Isso é um estímulo para o aumento da letalidade policial. Porque um policial com uma arma dessas vai se sentir mais poderoso e com mais facilidade para tirar a vida de alguém', afirma."
O policial não tem que se sentir poderoso, ele tem que ser poderoso. Afinal, ele é o único homem que sai para enfrentar o mal. Ele só precisa compreender a importância da sua função na salvaguarda das pessoas e do país.
As instituições policiais também precisam entender, de uma vez por todas, a importância de oferecer a cada policial todas as tecnologias menos letais disponíveis para que ele possa utilizá-las conforme a necessidade. Assim, o policial vai preservar uma vida quando for possível ou vai se salvar quando for estritamente necessário. Essa omissão institucional deixa o policial à mercê da ocorrência contando apenas com uma arma de fogo para solucionar os conflitos diários. E esse é outro sacrifício que não se pode exigir.
"Após realização de testes, decidiu retomar o uso da 9 mm pela maior eficiência desse calibre na transfixação do alvo. Está adotando, agora, uma munição especial para aumentar poder de impacto (sem perder a perfuração)."
Em 2014, o FBI publicou um relatório detalhando a efetividade do calibre 9 mm em comparação com os calibres .45 ACP e .40 S&W, este último desenvolvido especialmente para o próprio FBI. O relatório concluiu que as munições 9 mm mais modernas (com novas pólvoras e desenhos mais avançados dos projéteis, como a Speer Gold Dot G2 de 147 grains) possuem praticamente as mesmas características balísticas e poder de penetração dos calibres maiores, apresentando além disso, menor recuo (facilitando o controle, a precisão e a velocidade durante sequências de disparos rápidos), menor desgaste do armamento e maior capacidade de cartuchos nos carregadores.
Fonte 1: http://m.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/09/1917959-arma-do-exercito-e-liberada-para-policiais-fora-de-servico-no-pais.shtml
Fonte 2: http://soldiersystems.net/2014/09/25/fbi-9mm-justification-fbi-training-division/
Fonte 3: http://www.taurusarmed.net/forums/factory-loads/97394-ballistic-gel-comparison-380-v-9mm-results-surprised-me.html