Percorrendo os corredores da Academia Nacional de Polícia, mais uma vez me deparei com a Galeria de Heróis. E apesar de algum tempo na polícia, ainda me restam 10 anos até a aposentadoria. Mas se eu tivesse que trabalhar mais 30 anos, isso só confirmaria que não há fardo maior do que suportar as dificuldades do trabalho ou a perda de um amigo policial. Então, no ano em que se comemora a formação de seiscentos novos policiais federais, é preciso lembrar aqueles que deram as últimas gotas de sangue em benefício do nosso país.
Hoje, estampam-se os nomes de alguns colegas nas paredes de memoriais, mas são incontáveis os policiais perdidos ao longo do tempo, e em alguns casos, muito antes de qualquer um de nós ter nascido. E é por causa de suas ações corajosas e desses memorais que o legado desses homens se perpetua na história e na memória daqueles que ficaram.
Nossos heróis possuem origens e histórias tão diversas quanto o próprio país que defenderam. Porém, todos juraram proteger o inocente contra a malícia; o fraco contra a intimidação; a paz contra a violência e a desordem, e, sobretudo, a liberdade de pessoas que sequer conheceram. Portanto, eles estarão sempre unidos pelo laço inabalável da honra, pois fizeram o que juraram fazer. E embora não haja discurso, cerimonial, continência e salva de tiros que possam aliviar essas perdas, é preciso sempre homenagear esses homens e aprender com os ensinamentos deixados por eles, mesmo após seus últimos suspiros.
É preciso estar alerta, vigilante. Vigília significa a privação voluntária do sono ou o estado de quem se conserva desperto durante a noite. Quer dizer, precisamos estar despertos para não esquecermos os heróis que perdemos e atentos para continuar com segurança o trabalho que poucos homens conseguem realizar, mas que criminosos insistem em destruir. E ainda que possamos ter medo, desânimo e desilusões, temos que rejeitar a covardia, pois ao contrário das outras profissões, aqueles que abraçam o trabalho policial sabem que um dia podem ter que lutar pela própria vida durante o cumprimento do dever.
Aqueles a quem devemos nossa lembrança escolheram essa profissão de bom grado, e é por isso que seu sacrifício final tem um significado tão importante. Eles trabalharam e se sacrificaram por um propósito maior do que eles: a humanidade.
Para aqueles que atenderam ao chamado íntimo para tornar nosso país seguro e melhor, é preciso reconhecer a importância de cada beijo do cônjuge, cada sorriso dos filhos, do abraço dos pais e das palavras dos amigos e heróis policiais que ainda vivem, pois sem o amor e a ajuda dessas pessoas nosso fardo seria ainda mais pesado.
Devemos assumir a responsabilidade por nossa segurança; tomar uma atitude contra o crime e a violência; fazer o que é certo; e sempre ajudar uns aos outros nos bons e maus momentos de nossas vidas para honrar aqueles eternizados em nossas galerias e memorais.
O Livro de João, Capítulo 15, Versículo 13 diz: “Ninguém tem amor maior do que este, de dar alguém a vida pelos seus amigos.” Portanto, jamais devemos esquecer essas palavras e nossos amigos policiais que se foram antes de nós.