Não existe um policial sequer que não queira voltar para casa são e salvo depois de um dia de trabalho. E não importa se você é policial federal, rodoviário, civil ou militar; se é policial operacional ou administrador, investigador ou corregedor, aviador ou patrulheiro. A verdade é que todos querem vencer qualquer confronto de vida ou morte que possa surgir.
Também é verdade que aqueles que já lutaram pela própria vida não tiveram tempo ao menos para piscar, e o que dizer então sobre a capacidade de reflexão. Mas como todo treinamento deve começar com o desenvolvimento de uma mente orientada para a vitória e para a superação de obstáculos, uma pergunta torna-se fundamental. E a resposta a esta questão jamais pode ser esquecida ao longo da sua jornada contra o crime e a violência.
Você já pensou sobre o que o motiva para continuar a salvo? O quê alimenta sua vontade de viver?
É da natureza do ser humano fugir ao menor sinal de perigo, e ainda assim você escolheu uma profissão na qual se sente compelido a correr em direção aos tiros, apartar brigas alheias em bares durante as madrugadas, abordar pessoas sem saber o que vai encontrar ou trabalhar em custódias sabendo que cada dia de trabalho será ao lado de criminosos profissionais. Apesar das estatísticas precárias, você sabe que pelo menos 490* colegas policiais serão mortos até a metade de cada ano e que você não vai ficar rico fazendo isso. Mas mesmo assim você volta para o trabalho todos os dias na esperança de ser o vencedor de cada conflito.
Nas aulas de sobrevivência policial da academia de polícia, os professores terminam a apresentação dizendo que “Hoje pode ser mais um dia normal na sua vida, ou pode ser o dia em que você será testado sobre tudo o que aprendeu.” Eles não querem que você apenas resista aos encontros mortais. Eles querem que você VENÇA (física, emocional, espiritual e legalmente)! De fato, os professores trabalham muito para conduzir e manter cada futuro policial neste estado mental de vencedor ao longo do curso. Já no primeiro minuto eles mostram uma fotografia dramática de um policial que não venceu e que foi morto em um encontro cruel e sem sentido com criminosos. E então eles prosseguem dizendo: “Prepare-se”.
Mas agora é hora de pensar seriamente no seu próprio motivo para vencer. Você precisa descobrir aquilo que vai lhe deixar mais alerta, mais forte, capaz e orientado para triunfar diante do perigo que ronda sua profissão. Ou seja, o que motiva você quando as coisas saem do controle?
Para o Agente M. A. L. a ideia de não poder presenciar a formatura dos filhos e a lembrança de que seu próprio pai não esteve presente em sua formatura no passado fizeram com que ele reagisse durante um assalto. Ele descarregou sua arma contra dois criminosos que tentavam roubar seu carro e enquanto recebia uma chuva de balas numa luta de vida ou morte. A distância entre eles era de aproximadamente 2,5 m. O policial atingiu três vezes um dos criminosos e conseguiu voltar para casa ileso. (Belo Horizonte/MG).
Já para o Agente G. A. M. estar no banco do motorista enquanto um assaltante armado, também dentro do carro e no assento de trás, apontava uma arma para sua filha de 12 anos era algo inconcebível. Foi esse pensamento combinado com a raiva que ele canalizou como motivação para disparar sua arma e acertar três dos cinco tiros no criminoso que morreu logo depois. No dia seguinte o policial pôde como ele mesmo disse “... beijar minha filha e educá-la para um país melhor, onde o bem vencerá o mal.” (São José do Rio Preto/SP).
Mesmo enquanto estava imóvel e caído dentro de um ônibus, com pouca chance de sobreviver ao tiro à queima roupa que recebeu na nuca depois de reagir a um assalto e matar um dos criminosos, o Delegado E. G. A. tirou forças da sua crença para dizer a si mesmo que sua hora não havia chegado e sair andando do hospital algum tempo após a ocorrência. (Rio de Janeiro/RJ).
Para outro Policial, vítima de sequestro-relâmpago, foi a ameaça de morte feita pelo delinquente que descobriu sua carteira funcional que despertou seu desejo de continuar vivo. Os dois assaltantes foram mortos, mas a última frase de um deles foi “Ele é polícia, vamos levar pra BR e matar”. Certamente ser encontrado morto e jogado num matagal ao longo de uma rodovia não estava no plano do policial. Ele conseguiu acertar todos os cinco tiros disponíveis em seu revólver snub. Talvez ele tenha jurado não morrer de modo tão deprimente. E ele não morreu! (Goiânia/GO).
O Policial G. S. B. F. utilizou sua habilidade de instrutor de tiro para desarmar um homem que apontava um revólver para ele num posto de gasolina. O policial concentrou sua força mental e física a ponto de ver o tambor da arma iniciando seu giro. Ele agarrou a arma, e depois de lutar com o indivíduo, conseguiu tirá-la dele. O policial venceu o confronto porque ele conscientemente treinou para vencer. (Brasília/DF).
E você, já pensou sobre o que o motiva a vencer? O que força você a seguir em frente? Isso é algo que você deve descobrir e treinar mentalmente, e é algo que pode mudar completamente sua carreira policial e sua vida.
A primeira vez que eu achei que ia morrer, eu fui motivado simplesmente pelo egoísmo e pelo orgulho. Eu tinha acabado de comprar uma Glock, a menina dos olhos de qualquer policial na época, e não podia deixar aquele assaltante tomá-la de mim. A arma era minha, e eu precisava ter certeza de que ninguém mais tocaria nela. Além disso, que explicação eu daria aos meus colegas se eu falhasse. Mas isso foi em 1998. Agora eu tenho uma família e são eles que me motivam a vencer, afinal não deve ser bom acordar sabendo que o pai que eles amam não existe mais.
Minha família também é a razão para eu melhorar meu estado de alerta, meus estudos, minha capacidade física, minha confiança e minhas habilidades. Eu preciso vencer os incidentes que encontrar para que a nossa vida siga seu rumo natural.
Então, pense bem sobre o que quer que motive você. Visualize mentalmente uma situação perigosa e hipotética. Lembre-se da sua motivação e treine para que isso faça você melhorar, lutar com todas as forças até o fim e seguir em frente não importando o que aconteça.
Vencer não significa apenas não ser morto, mas também significa vencer o resultado de cada incidente crítico tanto física quanto emocionalmente. Significa saber o que é importante e quem é importante na sua vida.
Se você tem alguma resposta para a frase “Por que você quer viver?”, me diga e comente com seus colegas o que motiva ou motivou sua vitória. Afinal, nesta atividade os policiais aprendem melhor uns com os outros.
*Fonte: Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Segurança Pública. Departamento de Pesquisa, Análise de Informação e Desenvolvimento de Pessoal em Segurança Pública. Pesquisa Perfil Organizacional das Polícias Civis e Militares. 2005. Não contém dados das PC dos Estados de SP, BA, PB, PI, RO e SC. Não contém dados das PM dos Estados de AM, DF, ES, PA, PB, PI e SP.
Também é verdade que aqueles que já lutaram pela própria vida não tiveram tempo ao menos para piscar, e o que dizer então sobre a capacidade de reflexão. Mas como todo treinamento deve começar com o desenvolvimento de uma mente orientada para a vitória e para a superação de obstáculos, uma pergunta torna-se fundamental. E a resposta a esta questão jamais pode ser esquecida ao longo da sua jornada contra o crime e a violência.
Você já pensou sobre o que o motiva para continuar a salvo? O quê alimenta sua vontade de viver?
É da natureza do ser humano fugir ao menor sinal de perigo, e ainda assim você escolheu uma profissão na qual se sente compelido a correr em direção aos tiros, apartar brigas alheias em bares durante as madrugadas, abordar pessoas sem saber o que vai encontrar ou trabalhar em custódias sabendo que cada dia de trabalho será ao lado de criminosos profissionais. Apesar das estatísticas precárias, você sabe que pelo menos 490* colegas policiais serão mortos até a metade de cada ano e que você não vai ficar rico fazendo isso. Mas mesmo assim você volta para o trabalho todos os dias na esperança de ser o vencedor de cada conflito.
Nas aulas de sobrevivência policial da academia de polícia, os professores terminam a apresentação dizendo que “Hoje pode ser mais um dia normal na sua vida, ou pode ser o dia em que você será testado sobre tudo o que aprendeu.” Eles não querem que você apenas resista aos encontros mortais. Eles querem que você VENÇA (física, emocional, espiritual e legalmente)! De fato, os professores trabalham muito para conduzir e manter cada futuro policial neste estado mental de vencedor ao longo do curso. Já no primeiro minuto eles mostram uma fotografia dramática de um policial que não venceu e que foi morto em um encontro cruel e sem sentido com criminosos. E então eles prosseguem dizendo: “Prepare-se”.
Mas agora é hora de pensar seriamente no seu próprio motivo para vencer. Você precisa descobrir aquilo que vai lhe deixar mais alerta, mais forte, capaz e orientado para triunfar diante do perigo que ronda sua profissão. Ou seja, o que motiva você quando as coisas saem do controle?
Para o Agente M. A. L. a ideia de não poder presenciar a formatura dos filhos e a lembrança de que seu próprio pai não esteve presente em sua formatura no passado fizeram com que ele reagisse durante um assalto. Ele descarregou sua arma contra dois criminosos que tentavam roubar seu carro e enquanto recebia uma chuva de balas numa luta de vida ou morte. A distância entre eles era de aproximadamente 2,5 m. O policial atingiu três vezes um dos criminosos e conseguiu voltar para casa ileso. (Belo Horizonte/MG).
Já para o Agente G. A. M. estar no banco do motorista enquanto um assaltante armado, também dentro do carro e no assento de trás, apontava uma arma para sua filha de 12 anos era algo inconcebível. Foi esse pensamento combinado com a raiva que ele canalizou como motivação para disparar sua arma e acertar três dos cinco tiros no criminoso que morreu logo depois. No dia seguinte o policial pôde como ele mesmo disse “... beijar minha filha e educá-la para um país melhor, onde o bem vencerá o mal.” (São José do Rio Preto/SP).
Mesmo enquanto estava imóvel e caído dentro de um ônibus, com pouca chance de sobreviver ao tiro à queima roupa que recebeu na nuca depois de reagir a um assalto e matar um dos criminosos, o Delegado E. G. A. tirou forças da sua crença para dizer a si mesmo que sua hora não havia chegado e sair andando do hospital algum tempo após a ocorrência. (Rio de Janeiro/RJ).
Para outro Policial, vítima de sequestro-relâmpago, foi a ameaça de morte feita pelo delinquente que descobriu sua carteira funcional que despertou seu desejo de continuar vivo. Os dois assaltantes foram mortos, mas a última frase de um deles foi “Ele é polícia, vamos levar pra BR e matar”. Certamente ser encontrado morto e jogado num matagal ao longo de uma rodovia não estava no plano do policial. Ele conseguiu acertar todos os cinco tiros disponíveis em seu revólver snub. Talvez ele tenha jurado não morrer de modo tão deprimente. E ele não morreu! (Goiânia/GO).
O Policial G. S. B. F. utilizou sua habilidade de instrutor de tiro para desarmar um homem que apontava um revólver para ele num posto de gasolina. O policial concentrou sua força mental e física a ponto de ver o tambor da arma iniciando seu giro. Ele agarrou a arma, e depois de lutar com o indivíduo, conseguiu tirá-la dele. O policial venceu o confronto porque ele conscientemente treinou para vencer. (Brasília/DF).
E você, já pensou sobre o que o motiva a vencer? O que força você a seguir em frente? Isso é algo que você deve descobrir e treinar mentalmente, e é algo que pode mudar completamente sua carreira policial e sua vida.
A primeira vez que eu achei que ia morrer, eu fui motivado simplesmente pelo egoísmo e pelo orgulho. Eu tinha acabado de comprar uma Glock, a menina dos olhos de qualquer policial na época, e não podia deixar aquele assaltante tomá-la de mim. A arma era minha, e eu precisava ter certeza de que ninguém mais tocaria nela. Além disso, que explicação eu daria aos meus colegas se eu falhasse. Mas isso foi em 1998. Agora eu tenho uma família e são eles que me motivam a vencer, afinal não deve ser bom acordar sabendo que o pai que eles amam não existe mais.
Minha família também é a razão para eu melhorar meu estado de alerta, meus estudos, minha capacidade física, minha confiança e minhas habilidades. Eu preciso vencer os incidentes que encontrar para que a nossa vida siga seu rumo natural.
Então, pense bem sobre o que quer que motive você. Visualize mentalmente uma situação perigosa e hipotética. Lembre-se da sua motivação e treine para que isso faça você melhorar, lutar com todas as forças até o fim e seguir em frente não importando o que aconteça.
Vencer não significa apenas não ser morto, mas também significa vencer o resultado de cada incidente crítico tanto física quanto emocionalmente. Significa saber o que é importante e quem é importante na sua vida.
Se você tem alguma resposta para a frase “Por que você quer viver?”, me diga e comente com seus colegas o que motiva ou motivou sua vitória. Afinal, nesta atividade os policiais aprendem melhor uns com os outros.
*Fonte: Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Segurança Pública. Departamento de Pesquisa, Análise de Informação e Desenvolvimento de Pessoal em Segurança Pública. Pesquisa Perfil Organizacional das Polícias Civis e Militares. 2005. Não contém dados das PC dos Estados de SP, BA, PB, PI, RO e SC. Não contém dados das PM dos Estados de AM, DF, ES, PA, PB, PI e SP.
Muito bom esse texto! Assim como os outros! Continue nos premiando com esses artigos!
ResponderExcluirOlá, encontrei um texto em um blog muito "parecido" com vários textos aqui do seu blog (pra não dizer que plagiaram daqui!) Se quiser dar uma olhada, o link é: http://abordagempolicial.com/2009/09/sobrevivencia-policial-nao-ha-segunda-chance/
ResponderExcluirFoi publicado no último dia 3!
Antes de tudo o policial é um cidadão comum, tem todos os medos e vontades que todo mundo tem, o policial, sempre sai de casa, com a intenção de voltar pra o seio familiar.
ResponderExcluirPor que eu quero viver? Bom, quero viver porque acredito que Deus - creia ou não -, é o autor da vida.
ResponderExcluirA vida que tenho, de certa forma, não me pertence, então, preciso cuidar muito bem de algo que é dEle.
Assim, lutarei todos os dias para preservar esse bem-maior de mãos cruéis, que não tem compromisso com Deus, nem com o próximo.