quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Sempre confira sua munição.

Ao abrimos um fardo lacrado com 500 cartuchos .40 S&W, encontramos um cartucho 9mm Luger.

Isso só foi possível porque os cartuchos foram retirados dos fardos e guardados em colmeias.

Essa inconsistência possuía o mesmo número de série do primeiro calibre.

Apesar da baixíssima representatividade em relação ao total verificado (15.000 unidades), o fato mostra a importância da conferência visual da sua munição de treino e se serviço, especialmente.

Sempre observe o estado da munição que você possui, inclusive aquelas que estão nos carregadores adicionais das armas curtas e longas.

Sempre verifique se o calibre do cartucho que será utilizado na sua arma é o adequado.

Afinal, não é só a arma que precisa de manutenção. Até porque a função da arma é lançar o projétil na direção do alvo.


 

Ainda bem que era um treino.

Ainda bem que era pra treino.

Mas imagine se fosse o cartucho programado pra fazer a diferença na vida do policial!

Certamente produziria mais uma tragédia.

Antes dos treinos, cheque cada cartucho. Ao repor a munição de serviço, cheque duas vezes!

E nunca deixe de treinar a solução de panes!

O poder da autocrítica

Dizem que "conhecimento é poder". E a autocrítica?

O dicionário informa que a autocrítica é "o processo de análise crítica de um indivíduo (ou, coletivamente, de uma sociedade ou instituição) sobre seus próprios atos, considerando principalmente os erros que eventualmente tenha cometido e suas perspectivas de correção e aprimoramento."

Considerando seu significado, é possível afirmar que "autocrítica também é poder".

Talvez a autocrítica seja até mais poderosa que o conhecimento adquirido pelas vias normais (livros, vídeos, aulas, etc). E a razão é simples: quando você é capaz de avaliar seus erros e propor mudanças, você está aprendendo e melhorando com base na sua própria experiência.

E a experiência é importante porque ela é sua. E um estudo de caso nada mais é do que a análise duma experiência própria ou alheia como uma proposta de avanço para todos os policiais.

Mas a autocrítica é um TABU nacional. Por isso dirigimos viaturas que não servem pro trabalho policial; usamos armas inseguras; adotamos procedimentos inadequados; usamos uniformes e equipamentos ruins, etc.

Todos os dias:

1) Policiais são mortos ou feridos em confrontos.
2) Morrem em acidentes.
3) Tiram a própria vida.
4) São forçados a usarem a força letal.
5) Uma arma estraga.
6) Etc.

Como podemos melhorar, se preferimos varrer nossos erros pra debaixo do tapete!?

Produzimos dados TODOS OS DIAS. Mas não produzimos CONHECIMENTO porque recusamos o poder da autocrítica.

Aprendi, pela experiência, que uma conversa sincera e altruísta gera mais resultado que um processo disciplinar e uma punição. Porque a primeira é uma demonstração de LEALDADE e PREOCUPAÇÃO FRATERNA.

Mas cada um tem o poder da escolha. Eu escolhi o poder da autocrítica e a salvaguarda dos colegas. Outros preferem não enxergar. E você?

Vai usar assim?!


A imagem que ilustra este post foi baseada num anúncioe. Mas ela retrata ou reforça um comportamento inadequado.

O 1° é a ausência dum coldre. Nesse aspecto, já contamos com fabricantes que desenvolvem equipamentos de ótima qualidade (ou se inspiram em produtos internacionais). Por isso, o uso do coldre rígido deve ser um princípio adotado por todos os policiais, bem como em todas as imagens que ilustram armas de fogo.

O coldre protege a arma e a mantém no lugar, protege o policial, dentre outros aspectos (já tratados em posts e vídeos).

A imagem duma arma portada sem coldre pode induzir o policial a pensar (e agir) da mesma maneira, reforçando uma cultura ruim: a cultura do amadorismo e da improvisação nas coisas básicas.

O 2° aspecto é o posicionamento ruim. Na verdade, o policial pode TUDO (até enrolar a arma num pacote de pão e portar debaixo do braço - já vi isso!). Mas a pergunta mais importante é: ele DEVE?

Se ele acredita que pode tudo, vale lembrar que cada comportamento tem uma consequência que ele vai TER que suportar.

O que estou dizendo é que o policial pode portar a arma aonde quiser, mas o porte nas costas é uma droga! Digo isso por experiência.

O 3° elemento é a ausência do carregador e do cinto. Há um esforço, por parte de alguns professores, pra que os colegas levem um carregador reserva nas folgas. Assim, era de se esperar que toda imagem de arma de fogo fosse completa (carregador, cinto e coldre). O cinto prende a calça e ancora o coldre e o porta-carregador no uso encoberto.

Simulações devem estar alinhadas com a realidade. Isso evita aberrações como uma troca rápida por um carregador vazio. Ou o carregador tem munição de manejo (no treino a seco) ou munição real. Não se troca um carregador por outro vazio, pois isso não tem aplicação no mundo real.

Já vi instrutores comandarem simulações aonde o aluno faz a troca do carregador por outro imaginário. Se os carregadores acabaram, é o fim do exercício. Ponto final.

Então, cuidado com fotos e simulações em treinamentos. Trate tudo como se fosse real.