segunda-feira, 15 de junho de 2020

Está tudo certo!


Bancos checam o acesso de policiais armados. Fóruns impedem a entrada de policiais armados, inclusive em serviço.

E as polícias?

Unidades policiais deveriam ser ambientes repletos de homens e mulheres armados. Todos portando carregadores sobressalentes, distintivos no peito, algemas. Todos com crachás.

Desconhecidos e pessoas não identificadas deveriam ser interpeladas. Ninguém andaria sem "escolta".

Coletes balísticos sobre as cadeiras, gente limpando pistolas e fuzis, fotos emolduradas de operações policiais, murais em honra aos colegas assassinados, quadros com fotos de procurados, etc.

Em algum lugar, um tatame e um saco de areia pra ser socado e chutado com força. Aparelhos de musculação.

Ao lado, um estande de tiro e munição à vontade com treino orientado.

Mas como pensar nisso se o dever de casa parece não estar sendo feito? Como se sentir policial quando acreditamos que estamos numa repartição pública comum?

Quantos ainda serão mortos porque preferem trabalhar sozinhos? Quantos serão assassinados porque não fazem a busca pessoal? Quantos ficarão em risco porque ninguém controla quem entra e quem sai da unidade policial?

Todos os dias colegas desarmados lidam, sozinhos, com investigados. E a única coisa que os separa é uma mesa, normalmente cheia de objetos que podem ser usados como arma (furadores de papel, estiletes, grampeadores, tesouras).

Isso significa que em breve teremos mais notícias como a que ilustra este texto.

O melhor é o que você tem na hora.

Às vezes me perguntam sobre o melhor calibre de arma CURTA.

Apesar de saber da importância da pesquisa no Brasil, tenho a percepção que estamos num caminho inconclusivo, pelo menos agora.

Explico: estamos testando produtos INDISPONÍVEIS e sobre uma plataforma que serve só pra comparativo entre munições.

A gelatina balística (com ou sem anteparos de madeira, metal, têxteis) só é capaz de avaliar penetração, expansão, fragmentação, perda de massa, perfil de lesão, etc.

Sei que as polícias só possuem esse meio de teste, pelo menos as que testam algo.

Mas a gelatina não se comporta como um ser humano. Assim, o teste não pode ser o único indicador de incapacitação do alvo.

Se não carregamos armas pela boca do cano e se não confrontamos hordas de inimigos, em tese, não precisamos do ÚNICO tiro milagroso.

O que conta é o ALVO, o ponto de impacto e quantas vezes esse local é atingido.

Por isso os carregadores tem alta capacidade e portamos mais de 1 ou 2 deles. Por isso o policial não deve trabalhar só. E aonde ele for, deve haver uma arma longa também.

Contudo, sempre que o policial atira contra o agressor, um dado sobre efetividade de munição é produzido. Mas não coletamos e transformamos isso em conhecimento.

Então não há resposta científica pra pergunta.

"Você tá dizendo que posso usar um .22 LR pra defesa?" Eu não disse isso. Mas pra você acertar o alvo várias vezes na mesma região é preciso treino correto. E não importa se o calibre é 9mm Luger, .40 S&W, .45 ACP, se o projétil é expansivo ou ogival, se a carga é +P ou +P+.

Num vídeo de uma reação policial, a vítima só teve tempo de acertar 1 tiro (.40 S&W) no tórax do ladrão, que correu cerca de 220 metros em 1 minuto antes de cair e morrer. O que o criminoso seria capaz de decidisse ficar e lutar?

Você pode testar e sonhar com uma Lamborghini, mas na hora de dirigir, precisa tirar o melhor proveito do que está na sua garagem!

Spray de gengibre contra faca?!

Num post no Instagram, eu mencionei o uso da viatura como meio menos letal contra indivíduos com faca.

Disse que opções, como o Taser ou a espingarda com munição menos letal, eram viáveis em sujeitos identificados como "incapazes" de atacar, tendo na distância uma aliada (como no vídeo).

É claro que essas opções podem falhar. Daí a importância da distância e da cobertura de fogo.

Chamou minha atenção a menção à "Regra dos 21 pés" de Dennis Tueller (6,4 metros).

Mas não se iluda com isso, pois o pesquisador disse que essa distância insere o policial no limite da zona de perigo.

Recomenda-se 10 metros de distância (ou mais) do suspeito e a cobertura de policiais armados.

Mais uma vez, não entenda essa distância (10m) como regra, pois a dinâmica da ocorrência tem impacto na forma como o policial pode se posicionar.

Tenha em mente que você precisa duma distância que ofereça a melhor segurança possível, e um caminho livre (se possível).

Como diz meu grande amigo: "Regra foi feita pra ser quebrada; princípio existe pra ser seguido!"

Outro comentário chamou a atenção, na verdade um anúncio de um produto (que não possui o endosso do perfil). Nele consta que o uso de um spray não letal em jato direcionado (com alcance de 5 metros) permitiria incapacitar o indivíduo com segurança.

Em relação ao indivíduo do post anterior é uma possibilidade, não uma certeza. O uso de tonfas, bastões retráteis e sprays não são recomendados e a razão é simples: todos eles exigem proximidade.

Se na década de 80, o sargento Dennis Tueller tratou a distância de 6,4m como algo perigoso, não é aconselhável sugerir que o policial fique a 5 metros.

Policiais, instituições e empresas precisam avaliar suas políticas de uso da força, bem como os equipamentos que compram e vendem.

Não se pode esperar que um produto supere sua própria capacidade de aplicação, pois isso coloca todos em risco.