sábado, 12 de dezembro de 2020

 

A falta de sorte pode bater à porta de qualquer um de nós, sem distinção. O imprevisto também.

Ainda que possam ter o mesmo significado, uma diferença sutil é que no azar você planeja algo que pode não funcionar, por motivo além do seu controle. Já no imprevisto, você sequer planeja ou faz isso "mais ou menos".

Ora, se um policial porta uma arma, isso representa a previsibilidade do perigo e a necessidade de defesa.

Infelizmente, essa previsão parece ter curta duração em alguns momentos. Embora portem armas, pessoas acabam não se comportando conforme a previsibilidade do risco.

Vivemos numa pequena bolha, e ainda assim, podemos ser vítimas do azar. Mas outros podem ser vítimas do imprevisto também. E com 500.000 colegas, a pergunta é "quantos estão sob duplo perigo?"

Sair do lugar comum e entrar na pequena bolha é algo possível e necessário para a salvaguarda do policial. Ocorre que isso exige perseverança, pois é preciso nadar contra a correnteza do pensamento incorreto e do mau hábito. E isso significa que é mais fácil sair dessa pequena bolha do que entrar nela.

Destes 500.000 policiais brasileiros, quantos fizeram um curso após o curso de formação? Quantos leem livros ou se interessam por conhecimento extra? Quantos treinam a seco? Quantos investem no equipamento básico? Quantos acreditam que estão imunes ao azar porque são experientes?

Então alguém coloca a arma sem coldre na bermuda, prende o capacete no braço direito e entra no comércio segurando o telefone com a mão esquerda. Só que no local há um roubo em andamento. A vítima tenta sacar, mas não consegue, já que as mãos não estão livres. Daí ela tem sua arma tomada.

A sobrevivência foi um ato divino, sorte ou desinteresse do ladrão, ao menos dessa vez. Na próxima, tudo pode ser diferente para o bem ou mal do policial, pois a escolha, em parte, é dele.

Um comentário:

  1. Tendo sido ex-PM e e vivenciado as dificuldades da falta de estrutura, especialmente falta de munição para treinar, muito me entristece que na firma tenhamos munição de sobra, instrutores formados, mas enfrentamos o desinteresse nos treinamentos de muitos colegas, sem falar nos colegas formados como instrutores e que ninguém vê na instrução.
    KMVN

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