Provavelmente
você já deve ter ouvido algum instrutor de tiro afirmar que se o policial não é
capaz de resolver um conflito com cinco ou seis disparos, então ele não o
resolverá com 10. Isso até poderia fazer algum sentido no período em que os
revólveres dominavam o cenário das armas curtas e os policiais possuíam apenas
seis cartuchos no tambor. Desse modo, resolver o confronto com a quantidade de
munição disponível era uma necessidade urgente.
Entretanto,
isso não significa que os policiais daquela época eram mais eficazes que os
policiais da era da pistola. Evidente que o contrário não pode ser afirmado
também! Cada tiro conta, é verdade! E o sonho de todo policial é sair ileso de
um conflito armado, com o mínimo de disparos e no menor tempo possível. Ou
não?! Vou reformular: "E o sonho de todo policial é sair ileso de um
conflito armado, mesmo com o máximo de disparos e no menor tempo
possível." Então, se o policial atirou muito ou pouco isso não faz
diferença, pois o que conta é o resultado da reação. Afinal, quanto mais rápido
ele terminar o combate, menos tempo ficará vulnerável às ações do agressor.
Mas,
e se você não resolver o confronto com cinco disparos? Quão reconfortante seria
saber que você ainda possui mais 10 cartuchos prontos para impactar o agressor
(ou os agressores)? Que tal outro carregador com mais 15, 17 ou 19 cartuchos?
Considerando que você vai errar de qualquer modo, não é melhor se precaver? Não
é melhor terminar um confronto sabendo que ainda resta uma ou duas recargas na
cintura?
O
projeto da pistola considera, intuitivamente, a grande capacidade do carregador
da arma como um remédio para a falta de habilidade do atirador em acertar a
maioria dos tiros. Essa é a grande vantagem da pistola sobre o revólver. Um
disparo de revólver deve ser duas ou três vezes mais certeiro que um simples tiro
de pistola. Não me refiro ao tema da incapacitação imediata e as historinhas
sobre Stopping Power. Com um
revólver, o atirador tem a obrigação de ser mais eficaz porque ele tem menos
munição disponível.
Algumas
pessoas até consideram as pistolas de 10 e 12 cartuchos como sendo armas de
pequena capacidade ou armas do tipo back-up.
Isso
lembra um texto que diz o seguinte:
"A
primeira e mais importante regra num tiroteio é esta: tenha uma arma. Se você
não tem uma arma, não se envolva num tiroteio. Isso é considerado uma grave
violação da boa educação num confronto armado. Essa regra é tão importante que
se sobrepõe a todas as outras regras.
Qual
é a melhor arma? A melhor munição? Qual a melhor técnica? Quem se importa!? Se
você não possuir uma arma ao seu alcance imediato quando o tiroteio começar, o
que importa tudo isso?
Você
pode ser o sujeito mais rápido do Oeste, com um arma customizada de R$
6.000,00, carregada com uma munição de ponta oca nuclear + P. E daí!? Se sua
arma está em casa e um conflito armado começa quando você está na rua, você vai
perder. Se sua arma está no porta-luvas, e um tiroteio surge enquanto você
abastece seu carro, você vai perder. Tiroteios começam sem aviso algum, e
acontecem muito rápido.
A
segunda regra num tiroteio é esta: traga munição! Muita! Se vale a pena atirar,
vale a pena atirar duas vezes. Munição é barata, mas a vida é muito cara!"
E
isso também me faz lembrar uma notícia publicada no site da FENAPEF em
28/03/2012, sobre um tiroteio envolvendo dois policiais à paisana.
"A
polícia emitiu uma nota afirmando que o agente X não foi quem atirou primeiro
na troca de tiros que ocorreu na noite da última segunda-feira (26), em Cuiabá.
Segundo
a nota, o indivíduo Y teria perseguido o agente X e o fato teria culminado no
tiroteio.
O agente
X disse que o início do incidente ocorreu no cruzamento de duas avenidas.
Ele
disse que o indivíduo Y estava em uma caminhonete e teria atravessado o sinal
vermelho, o que motivou o agente X a buzinar.
O
agente X contou, segundo a nota, que em determinado ponto, o indivíduo Y
reduziu a velocidade e deu passagem para ele.
A
partir de então, o indivíduo Y passou a perseguir o veículo do agente X,
aproximando com hostilidade a caminhonete que dirigia, buzinando e dando
“sinais de luz”.
A
atitude do indivíduo Y teria gerado preocupação no agente X, por causa das
funções que desempenha na polícia.
Por
essa razão, ele resolveu parar o carro em frente à polícia para receber apoio
em eventual ocorrência, pois desconfiou da conduta do indivíduo Y e não sabia
até onde ele iria persegui-lo, ou que atitude poderia tomar à medida que
diminuísse o tráfego de veículos na avenida.
O agente
X, então, disse ter descido de seu veículo em frente à caminhonete dirigida
pelo indivíduo Y e se apresentado como policial, fazendo uma abordagem padrão.
Ao descer de seu carro, o agente X estaria com sua arma - uma pistola 9mm –
empunhada para baixo.
Ainda
segundo o agente X, ele manteve a arma apontada para o chão e apresentou-se
como policial, quando foi recebido com um tiro.
Após
isso, houve troca de tiros até que se esgotassem as munições do indivíduo Y. No
total, segundo a nota da polícia, foram disparados sete tiros da pistola do
agente X e seis do revólver do indivíduo Y.
Ao
cessar a ameaça de tiros da arma do indivíduo Y, o agente X disse que parou de
atirar, deixando ainda três munições na pistola."
Depois
de disparados o total de 13 tiros, descobriu-se que o indivíduo Y também era
policial. "F.O. positivo" para os envolvidos no confronto, pois respeitaram
a primeira regra de um confronto armado. Para quem não sabe "F.O." é
uma terminologia militar que se refere a qualquer fato observado (positiva ou
negativamente). E a segunda regra? Ah! F.O. negativo!
Treze
tiros foram disparados e ninguém foi atingido. O confronto só terminou porque a
munição do revólver do indivíduo Y acabou e o agente X pode poupar fartos três
cartuchos. Dois homens, em trajes civis, num conflito armado a curta distância
e incapazes de saber que o adversário era um colega policial, por óbvio. O
primeiro disparou seis vezes, enquanto o segundo atirou sete e aguardou três
cartuchos. Portanto, ele tinha um carregador com 10 cartuchos de uma pistola
Glock 26. Mas o fabricante afirma que a Glock 26 é a opção de back-up selecionada
por muitos policiais no mundo. BACK-UP,
ARMA RESERVA, SEGUNDA ARMA! Quem porta uma pistola com um carregador de 10
cartuchos está tão preparado quanto alguém que usa um revólver 5 tiros. Basta
observar o percentual de aproveitamento dos tiros dos dois policiais: 0%. E a
taxa de erros: 100%! Um Agente de Polícia Federal, especialista em planejamento
operacional, disse certa vez: "Quem tem um, não tem nada! Quem tem dois,
tem um!" Ora, siga essa lógica e você saberá a quantidade mínima de
carregadores de pistola que deve portar sempre (quem tem três, tem dois).
Parte
do trabalho policial é estar pronto para o evento crítico. Com um revólver ou uma
pistola com apenas um carregador, o policial está pronto apenas para o início
do confronto e com grande chance de perder a vida no meio ou no final.
o mais interessante é que no brasil, salvo engano, o policial civil ou militar enfrenta N dificuldades para adquirir esta segunda arma e mais munição, do seu próprio bolso...
ResponderExcluirVictor Fox
Excelente matéria como sempre, principalmente em um país onde grande parte das forças policiais são tão despreparadas, você ter um comportamento desses (De ter sempre uma reserva) ajuda bastante um policial se sobressair em cima de um criminoso. Pena que pessoas como eu que não fazem parte de nenhuma força policial não temos acesso fácil a armamentos e dessa maneira não temos nenhuma chance em nenhum tipo de confronto contra qualquer marginalzinho, mesmo armado com um revolver calibre 22.
ResponderExcluirSe a polícia tivesse UM PINGO de consciência, deixando de lado as questões hierarquicas que as vezes sao intransponíveis na policia militar, quando um cidadão POSSUIDOR DE ARMA REGISTRADA fosse abordado com referida arma em seu carro ou na rua, o POLICIAL deveria conferir a documentação e dispensar o cara, uma vez que esse DESARMAMENTO DE BOSTA é pra detonar a vida do cara comum como eu e voce e tambem pro policial se lascar, porque todo mundo sabe que o cidadão de bem e armado ele é um ATIVO, é um PATRIMONIO para a sociedade. Se eu vejo um assalto, uma tentativa de estupro, algo assim, e tenho uma arma, posso dar voz de prisão ao agente criminoso, isto está no Código de Processo Penal (voz de prisão por qualquer do povo em flagrante delito). Se o cara fugir, muito bem. Evitei um crime. Se ele ficar quieto, chama-se a polícia (em tese, pois sabemos que iremos para a delegacia, pra dar esclarecimento, enquanto o diabo do bandido teraá um advogado do estado e será liberado logo se não tiver antecedentes etc) e o policial vem e prende o bandido.
ExcluirHoje, se vemos um crime, temos que sair é correndo de perto, pois eu não tenho essa valentia burra de ir desarmado falar grosso com bandido com o .38 na mão, não. Se eu to com a minha arma, a parada é diferente, já sairia com ela engatilhada e apontada, dizendo que quem perdeu foi o ladrão. E se ele tentar revidar, prego-lhe bala.
Agora o que acontece é o que? Os cidadão são gado e os policiais são gado. Morremos nós e morrem eles. ELES é que tem que se indignar contra o sistema. Ignorar as leis desgraçadas pois a LEI INJUSTA não deve ser obedecia.
Tá todo mundo vendo a peleja que é revogar esse desarmamento. Mas aprovar leis que facilitam a vida da bandidagem, aprova de balde no congresso.
Vivemos num pais infernal e o único jeito de sobreviver é ser fora da lei mesmo e que os policiais que leia isso se conscientizem de que devem fazer seu papel sim, de prender o bandidão armado, e ignorar o cidadão de bem que muitas vezes tem é um revolvinho velho enferrujado que nem conseguiu recadastrar, ou a arma até é registrada, mas a PF não dá porte porque não quer e porque a lei dificulta.
Sejamos todos conscientes! Nosso inimigo é comum, é o crime e o governo criminoso que o apoia.
Olá colega Humberto. Excelente post. Fico indignado com policiais que PODEM andar com vários carregadores e levam consigo apenas a munição da pistola. Conheço poucos que andam com mais dois carregadores disponiveis. Sou um cidadão comum, e penso nisso na minha casa, onde devemos ter a arma carregada e munições em fácil acesso e disponibilidade tambem. O díficil é manter uma rotina de treino para municiamento rapido... Tenho um blog tambem, se possível, da uma passada lá! www.foodandfire.blogspot.com.br Abraço.
ResponderExcluirAmigo, muitos policiais não se interessam pelo armamento, mas a grossa maioria não tem é condições.
ExcluirLeia os regulamentos do EB e do Estatuto do Desarmamento, que regulamentam a quantidade de munições que o policial pode ter, eles recebem uma mixaria da corporação, pegam as porcarias de pistola defeituosa da Taurus, tem um monte de restrição pra comprar um .38 a mais que seja e sua munição.
O policial é tão desgraçado que um civil como eu e voce pode comprar mais armas e mais armas por ano que um policial ou um militar da ativa.
Vivemos num país chiqueiro!
Sempre pensei por ai tambem. A maioria defende armas do tipo a Glock baby como backup. Da na mesma ter um .357 de backup!
ResponderExcluirAgora a questao é, pra voces da Papa Fox, penso que o melhor é andar com mais carregadores mesmo. Voces tem uma arma confiavel, o volume dos carregadores é equivalente de uma arma de backup e obviamente mais muniçoes de 9 mm, inves de 10 de .380.
Agora o resto das policias, é outra historia. A maioria ai com Taurus nas maos, dai penso que uma arma de backup ja valha a pena, contanto que essa arma seja uma pistola de marca confiavel ou seja um revolver.
Comentários curiosos... O Exército, por meio da Portaria 02- COLOG, de 28.02.2014, autorizou oos policiais a adquirirem até 2 (duas) armas de uso restrito, para uso próprio, dentre os calibres .357 Magnum, .40 S&W ou .45 ACP, de qualquer modelo.
ResponderExcluirSim, "autorizou" mas para que o peão compre sua arma, tem que implorar a seu comando. A PC e talvez PF so libera arma particular em frequencia ate inferior ao civil comum, não policial e não portador de CR.
ExcluirE ainda tem gente que acredita em intervenção militar de uma cambada de vendidos vermelhos desta estirpe!
É contraditório dizer isso, mas a verdade é que muitos policiais não se interessam pelo armamento.
ResponderExcluirAlguns poucos chegam a treinar por conta própria, a maioria só vai quando o treino é institucional.
O artigo diz sobre a necessidade de se ter o máximo de munições disponíveis, mas vou além, o treino de tiro é tão importante quanto.
Saber sacar rápido e atirar primeiro não adianta, se a precisão é zero. Por isso o conjunto dos fundamentos deve ser massificado no treino.
Mais um excelente artigo! Tenho passado a andar com pelo menos mais um carregador (além do da pistola) no bolso, para eventualidades. Afinal, como voce mesmo expôs no texto, munição acaba rápido e a chance de acertar tiros em um confronto é baixa.
ResponderExcluirE os estudos mostram que quem "ganha" a batalha é aquele que acerta o outro primeiro.
Abraço, professor, e continue a escrever.
EPF
Prezado Humberto, novamente, ótimo texto! Sou leitor do blog há algum tempo e tenho aprendido muito! Logo vou adquirir o livro! Minha meta de me tornar policial está quase sendo alcançada, semana passada fui aprovado no teste físico do concurso de Investigador de Polícia de SP, só faltam agora a Investigação Social e a Academia! Sobre o caso em tela, sendo policial, pretendo portar dois carregadores sobressalentes para cada pistola, penso em portar uma pistola de backup (Glock G28).
ResponderExcluirEu discordo , claro que munição nunca é demais. Porem um tiro de .38spl é muito mais forte do que um 380 como uma glock , e ninguém é louco de confiar sua vida em uma taurus .40 kkkk , mais o fator mais importante é a precisão , se o cara estiver com um RT de 6 tiros 38 spl ,e acertar a cabeca ou o peito bem agrupado uma ou duas vezes de um individuo com 17 munições do que adiantou tudo isso ? A questão é treinar pra ter boa mira derrubar logo , nesse caso citado a cima 13 disparos dados e nenhum acertou , dois vesgos que não treinam , imagina em um confronto com um marginal? Por isso eu digo de nada vale 19 ,17 disparos sem precisão booora treinaaar !!!!
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