É importante considerar quantas vezes você se afastou, inocentemente ou não, dos elementos básicos da autodefesa na atividade policial e nas horas de folga. Quantas vezes você permitiu que desconhecidos se aproximassem sem serem notados com antecedência. Quantas vezes você esqueceu ou deixou sua arma em casa ou dentro do carro. Quantas vezes você não algemou o preso porque ele parecia inofensivo. Quantas vezes você trabalhou sozinho. Quantas vezes você deixou de adquirir um equipamento de qualidade porque achou que era caro ou não era importante. Quantas vezes você agiu por impulso sem antes realizar uma análise da ocorrência. Quantas vezes você foi rude com um colega e outras coisas mais.
Sem esta retrospectiva, talvez você possa voltar ao trabalho em 2010 e, dia após dia, cometer os mesmos erros que cometeu no ano anterior. Você pode negligenciar os componentes críticos da sua estratégia de prevenção contra as ameaças à sua vida. Você pode cometer os mesmos erros que outros cometeram desde que a luta pela justiça e pela paz teve início.
Por isso, talvez a falta da lembrança do passado tenha sido um dos ingredientes que conduziu à morte nossos amigos policiais que trabalharam em 2009 em Osasco/SP, Belém/PA, Feira de Santana/BA, Rio das Ostras/RJ, Belo Horizonte/MG, Ji-Paraná/RO, Rio Branco/AC, Recife/PE, Cariacica/ES, Samambaia/DF, Confresa/MT, Foz do Iguaçu/PR, Manaus/AM, Picos/PI, Murici/AL, Porto Alegre/RS, Anápolis/GO, Areia/PB, etc.
Sua experiência e a prática de vida de outros policiais são uma das melhores ferramentas de aprendizado que você pode utilizar, principalmente numa profissão na qual uma decisão incorreta pode matar alguém, inclusive você. Experiências, boas ou ruins, devem ser revistas com o propósito de encontrar aquilo que fez toda diferença para o sucesso da ação quanto para localizar as falhas que conduziram à infelicidade.
Você não precisa mudar (na essência as pessoas não mudam), mas você é capaz de melhorar. E se tudo que você fizer na atividade policial possuir este espírito, então você corre menos riscos. Se você avalia as situações de perigo ocorridas no passado tanto quanto aquilo que foi feito de certo ou errado e o que precisa ser melhorado, então você tem a confiança e a coragem para enfrentar uma ocorrência perigosa.
Portanto, pergunte a si mesmo o que faria em determinadas situações; conte com um ferimento como preço justo pela sobrevivência; treine; permaneça pronto; cuidado com a rotina; saiba quanto vale sua vida; saiba por que você quer viver; porte sua arma; limpe sua arma; estabeleça sua segurança como primeiro objetivo; trate bem o amigo da força policial e diga que se 2010 for o ano em que sua sorte será lançada, então você fará o que precisa ser feito para vencer.
Pense positivo, revise sua conduta e permaneça em alerta, porque ao longo do tempo seus pensamentos se tornam suas ações. Observe suas ações porque elas se tornam hábitos e experiências, boas ou desagradáveis.